O empresário e candidato a candidato Mitt Romney já entrou para a história ao se sagrar o primeiro republicano a vencer o caucus de Iowa e a primária de New Hampshire. O caminho está sendo trilhado e Romney tem tudo para ser escolhido como o desafiante a Barack Obama nas eleições gerais de novembro. Ele também lidera nas sondagens com eleitores que participarão das próximas primárias (Carolina do Sul no dia 21 e Flórida, dez dias depois). Romney é um exemplo de como os EUA estão divididos quanto aos culpados pela crise econômica e também quanto às soluções possíveis para acabar com ela.
O que talvez explique os motivos deste racha é justamente algo que a sociedade americana não gosta muito: ideologia. Por mais que democratas e republicanos não levantem bandeiras ideológicas muito complexas, nos últimos quatro anos o país busca entender os motivos da crise ao mesmo tempo em que procura alternativas. Todo este grande movimento político também desencadeou expressões populares ou pretensamente populares.
O “Occupy Wall Street” é um exemplo de tentativa popular de responsabilizar a cobiça de executivos de empresas privadas pela situação. Ele é mais complexo, na medida em que apresenta argumentos que me parecem mais plausíveis e honestos quando se trata de apontar os verdadeiros culpados pela crise econômica: cortes de investimentos em programas sociais e redução dos impostos dos mais ricos, entre outros. Já o outro lado desta moeda é o “Tea Party”, iniciativa que não nasceu a partir das demandas das pessoas comuns, mas de empresários e políticos que perceberam a oportunidade de angariar apoio popular a partir do mais óbvio: um corte profundo de impostos (para todos. Inclusive, é claro, beneficiando a parcela mais rica dos cidadãos americanos).
Romney acaba por se encaixar nesta grande confusão que é atualmente a disputa política americana e, mais especificamente, o próprio partido Republicano. Nem mesmo os outros pré-candidatos da legenda o consideram como alguém que ostenta uma biografia capaz de representar valores republicanos para além do simples corte de impostos.
Romney tem em sua trajetória um episódio muito mal explicado, principalmente quando se leva em consideração que um dos principais projetos dos republicanos seja a criação de empregos: segundo fontes ouvidas pela imprensa, durante o tempo em que trabalhou na Bain Capital (empresa de investimentos da qual foi um dos fundadores), uma de suas práticas era a demissão maciça de funcionários das companhias que adquiria. É estranho que um pré-candidato que se apresenta como alguém que sabe como criar muitos empregos tenha este tipo de prática em sua biografia. No entanto, mais estranho ainda é que eleitores que abertamente tenham na criação de empregos sua principal demanda deem a Romney seguidas vitórias nas primárias do partido Republicano.
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