terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nos EUA, partido Republicano segue a cartilha da derrota nas eleições presidenciais

Apesar da vitória do ex-presidente da Câmara dos Representantes Newt Gingrich nas primárias da Carolina do Sul, o jogo republicano que vai escolher o oponente de Obama ainda está completamente aberto. Restam 53 processos de seleção nos estados americanos e é bem provável que haja mudanças no meio do caminho. A primária da Flórida, que acontecerá no próximo dia 31, é fundamental, mas não decisiva sob aspectos políticos. Escrevi na semana passada sobre a vitória de Mitt Romney em New Hampshire. Acho que a disputa vai ficar mesmo entre ele e Gingrich, mas mesmo isso pode mudar.

Ambos os pré-candidatos à frente das pesquisas e com resultados favoráveis nas primárias estão envoltos em grandes escândalos. Romney está na parede por conta de sua carreira como empresário destruidor de empresas e, por consequência, de empregos. Gingrich tem em seu currículo algo que os americanos adoram julgar: uma trama sexual envolvendo a ex-mulher – a quem teria proposto um casamento aberto. Este é o tipo de assunto patético, mas que faz sucesso entre os eleitores republicanos e pode influenciar nas escolhas. Mais importante do que isso, no entanto, é a “consultoria” que ele prestou à Freddie Mac, empresa semiestatal de hipotecas que teve papel muito relevante durante a crise imobiliária dos EUA que deixou boa parte da população sem ter onde morar.

Seja como for, é importante dizer que há muita confusão nos conceitos. Por exemplo, a relação entre o movimento Tea Party e o partido Republicano é algo que não está claro nem mesmo internamente. E essas divisões internas entre os opositores de Obama serão certamente usadas favoravelmente pelos Democratas. “O Tea Party se popularizou espontaneamente entre americanos insatisfeitos com déficits, dívidas e desemprego, mas encontrou seu caminho entre o partido Republicano, cujos membros estavam furiosos pelas falhas cometidas na eleição presidencial anterior e céticos em relação a seus líderes”, escreve o comentarista Gerald F. Seib, no Wall Street Journal. O colunista praticamente inventa um mito de criação grandiloquente do Tea Party e de sua interseção com os republicanos. A verdade é que não foi bem assim. Aliás, esta espontaneidade jamais existiu e a tomada do partido Republicano pelo Tea Party está longe de ser unanimidade mesmo entre os membros da legenda.

Na raiz de tudo isso está o profundo ódio de parte dos republicanos a Barack Obama. Obcecados em vencer as próximas eleições a qualquer custo, os pré-candidatos do partido têm deixado de lado o principal: a apresentação de propostas, planos e sugestões para melhorar a vida dos cidadãos. Assuntos importantes têm sido deixados de lado, como o caso da reforma da lei de imigração, por exemplo. No final das contas, acabo por retornar à relação entre o Tea Party e o partido Republicano para explicar esta falta de ideias; parte dos americanos foi seduzida pela “vasta” lista de sugestões do movimento: redução da participação do governo, redução de impostos, redução de planos sociais (até em áreas como saúde e educação). Como o Tea Party só determina o que deve deixar de existir, simplesmente se isenta de elaborar projetos. As prévias do partido Republicano mostram que hoje os pré-candidatos lutam para demonstrar unicamente que são capazes de derrotar Obama, não de governar os EUA.

Um comentário:

Eduardo Vainer disse...

Grande Henry,


Quanto tempo, hein!

Olha aqui, se os eleitores republicanos não forem burros ao extremo, não deixarão de escolher Mitt Romney como candidato. E Romney, ao contrário de seus concorrentes, tem os predicados para derrotar o demagogo Barack Obama e se tornar um bom presidente. Acho que esse é um blog de política internacional, mas se você ainda não viu, sugiro uma visita ao blog do garotinho, aonde é revelada a trajetória vexatória e o verdadeiro caráter do Rodrigo Pimentel, comentarista da Rede Globo.

Abraços