O Ocidente não sabe enfrentar inimigos não-convencionais. Ao se aventurar pelo Oriente Médio contemporâneo, as chamadas potências ocidentais se deparam batalha após batalha com entidades que não estão dispostas a assumir qualquer compromisso com formas de enfrentamento que pressupõem a concordância ao menos com as leis internacionais. Esta questão está no centro de qualquer estratégia que venha a existir para impedir o avanço do Estado Islâmico (ISIS).
A ISIS é a radicalização dos radicais. Foi rejeitada pela Al-Qaeda na Síria porque não estava lá para derrubar Bashar al-Assad – um objetivo prático – , mas para lutar pelo sonho do Califado (sobre o qual já escrevi aqui no blog). Esta é a natureza da ISIS. Agora, o grupo já controla um território no Iraque maior que a extensão de Israel e Líbano, por exemplo. Segundo é possível entender por seus membros, a organização não se satisfaz com fronteiras, mas limites. Isso quer dizer que a ISIS está disposta a seguir conquistando território enquanto obtiver sucesso. Isso também quer dizer que é muito pouco provável que haja qualquer forma de negociação com quem quer que seja. Nada além da restituição do Califado irá abrandar seu ímpeto.
Na quarta-feira, fontes militares norte-americanas ouvidas pela agência de notícias Associated Press disseram que o país já trabalha com a possibilidade do envio de uma pequena tropa de forças especiais para combater a ISIS no Iraque. Os EUA têm especial preocupação com o destino do Iraque porque foram os principais responsáveis pela mudança de regime, fruto da invasão ao país em 2003. Assim, a ISIS também ameaça diretamente a política externa americana, uma vez que sua eventual vitória e tomada do território poderia significar a interpretação de que o Iraque foi derrotado por Washington e entregue, finalmente, ao pior grupo radical do Oriente Médio. Ou, ao menos, aquele para o qual nenhum ator internacional encontrou uma forma de controle até agora.
O sucesso da ISIS ameaça também a região de forma mais ampla. Como está muito claro, o grupo não aceita impedimentos pacíficos ou fronteiras internacionais. As monarquias regionais e os demais regimes do Oriente Médio temem seu avanço. Se derrotar o Estado Islâmico é apenas uma questão militar – pelo menos esta é a única alternativa até o momento –, os países da região não se mostraram dispostos até agora a enviar tropas para combater em sua origem. O que existe é somente a manutenção de posições defensivas, com cada país mobilizando militares e serviços de inteligência para impedir que a ISIS influencie nacionalmente.
O que é possível fazer, no entanto, é esvaziar eventuais alianças do grupo. Fica para um próximo texto.
2 comentários:
Belo texto, Henry. Realmente vai ser um desafio para o Ocidente e os Estados Unidos barrar os ímpetos da ISIS
Muito obrigado, Olavo. A ISIS é uma ameaça nova que desafia a capacidade do ocidente e dos países da região a pensarem num caminho de contenção minimamente eficaz.
Grande abraço,
Henry
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