Prefeitos das cidades americanas se uniram para acabar com os inúmeros movimentos populares que se tornaram conhecidos graças ao primeiro deles: o “Occupy Wall Street”. De forma até violenta, os políticos locais conseguiram ser “bem-sucedidos” ao encerrar acampamentos que tinham como objetivo protestar e chamar a atenção para a crescente desigualdade econômica e social dos Estados Unidos. No entanto, o que classificam como sucesso nada mais é do que um retumbante fracasso nacional.
Foto: senhora de 84 anos de idade é atingida por gás de pimenta lançado pela polícia em Seattle
Em primeiro lugar pelo o que é mais óbvio: a massa de americanos que se aglomerou principalmente nas grandes cidades é o retrato da falência do Estado naquilo em que ele deveria ter como seu objetivo principal; o bem-estar de seus cidadãos. Afinal de contas, as pessoas estão lutando por saúde, educação, moradia e trabalho. Não custa lembrar, os cidadãos americanos – assim como os de qualquer país – exigem que se faça justiça a partir dos impostos que pagam. Há um ditado cunhado pela cultura dos EUA que cabe bem neste caso: “não existe almoço grátis”.
De fato, ninguém quer nada de graça. A luta desses dias é pelo retorno do investimento que se faz diariamente através do pagamento de muitas taxas. O “almoço grátis” foi dado por Washington aos bancos privados – não à população comum – por meio da ajuda financeira que acabou nos bolsos de seus executivos. E isso parece ter sido esquecido. Este esquecimento é muito conveniente aos governos neste momento. O problema é que esta atitude é uma oposição aos chamados “valores americanos” - que nada mais são do que uma construção a partir de eventos-chave da história do país.
Quando cidadãos são expulsos sob os pretensos argumentos de que a ocupação de Wall Street viola princípios “sanitários” ou da “lei de silêncio” o Estado americano joga pela janela o histórico de lutas sociais de que tanto se orgulha. As justificativas apresentadas para pôr fim à livre e pacífica manifestação de ideias não são simplesmente ridículas, como também expõem os EUA no exterior de maneira perigosa. Como a Casa Branca diz apoiar a Primavera Árabe, por um lado, se, por outro, inviabiliza a democracia naquilo que é mais básico? Vai ser difícil desatar este nó.
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