Os analistas concordam que nem o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nem o Hamas estão interessados num confronto prolongado após o assassinato dos três adolescentes israelenses.
Como escrevi, é provável que o Hamas tenha envolvimento no caso. Se de fato isso for verdade – e não seria surpresa que fosse –, o Hamas pode ter levado a região a uma nova espiral de violência. Seja qual grupo palestino tenha realizado o sequestro e assassinato dos rapazes israelenses deveria ter imaginado que o gabinete em Jerusalém reagiria com firmeza. Muito pior do que a reação institucional é a possibilidade de inflamar os ânimos dos radicais. O condenável assassinato de um adolescente palestino parece ser já parte das consequências que estão por vir.
A conta deve recair sobre radicais judeus num ato igualmente abominável de vingança pela morte dos três jovens israelenses. Se a ideia do grupo palestino era riscar o fósforo e empurrar a todos para consequências imprevisíveis, é possível que obtenha sucesso. A situação do presidente palestino, Mahmoud Abbas, é delicada. Abbas é o único interlocutor oficial palestino com quem Israel pode dialogar. O presidente palestino foi bastante corajoso ao condenar o sequestro dos adolescentes israelenses em discurso na Arábia Saudita. Para uma plateia de ministros das Relações Exteriores de países islâmicos, Abbas disse que “Quem está por trás desta operação (o sequestro) deseja nos levar à ruina. Os colonos (judeus) são seres humanos como nós, e nós devemos procurar (os jovens) e retorná-los às suas famílias”. Isso foi dito, claro, antes da trágica notícia sobre as mortes.
Neste momento, onde há pedidos de vingança pelas duas partes, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que a morte do adolescente palestino será investigada. Disse também que Israel é um Estado com leis e, por mais que o país esteja envolto pelo sentimento de luto coletivo, não aceitará que as pessoas façam justiça por conta própria. Esta é uma posição consciente.
Além disso, um dos caminhos possíveis para reconduzir o processo de paz aos trilhos é o fortalecimento dos moderados. Uma reaproximação com Mahmoud Abbas e o reforço de seu papel como legítimo representante das aspirações palestinas deveria ser a alternativa adotada não apenas pela liderança política do Estado judeu, mas também pela comunidade internacional, principalmente EUA, União Europeia e Nações Unidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário