Ainda sobre a dificuldade de alcançar um cessar-fogo, há outros elementos em jogo. Acho válido expô-los agora, na medida em que a comunidade internacional anseia pela interrupção do conflito.
As duas principais autoridades de aviação europeia e americana emitiram notas que praticamente isolam o aeroporto internacional de Tel Aviv do resto do mundo: a FAA (Federal Aviation Administration) e a (EASA) Europe Air Safety. A FAA chegou mesmo a proibir companhias americanas de voar para e a partir de Israel. A EASA enviou nota com forte recomendação para as companhias evitarem o principal aeroporto israelense até nova recomendação.
Com essas duas notícias, mais uma vitória para o Hamas. Tenho escrito desde o começo do conflito que um dos principais objetivos do grupo é o isolamento de Israel da comunidade internacional. Nada mais simbólico do que o isolamento real, como é o caso da determinação das maiores autoridades de aviação do mundo. Isso sem falar nos protestos contra Israel que se multiplicam diariamente.
Somado a esses fatores, o Hamas também ostenta vitórias no campo de batalha. Numa guerra entre um dos exércitos mais bem preparados e equipados do mundo e um grupo terrorista, o Hamas certamente vai capitalizar as mortes de 28 soldados israelenses. No domingo, o grupo impôs ao Estado judeu seu dia de maior perda de vidas militares desde 2002.
Todo este ambiente “favorável” ao Hamas explica em boa parte a rejeição do grupo já a três propostas de cessar-fogo. A morte de civis palestinos é parte da estratégia do Hamas, como já expliquei em textos anteriores e, lamentavelmente, é parte do escopo do arsenal usado nas batalhas diplomática e de mídia (hoje, batalhas tão importantes quanto as militares). Diante disso tudo, o Hamas ganha mais apoio interno nos territórios palestinos, relegando a Autoridade Palestina a papel de coadjuvante. Esta é uma notícia perigosa para além do conflito atual – importa mesmo ao futuro do Oriente Médio.
Se o Hamas sair fortalecido diplomaticamente deste conflito – e ao que tudo indica é isso o que acontecerá – o que ainda resta do processo de paz pode deixar de existir. A solução passa pelo fortalecimento do presidente Mahmoud Abbas e da Autoridade Palestina. Mas este é assunto para outro post.
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