Essas são as demandas de Hamas e Autoridade Palestina para aceitar o cessar-fogo:
Abertura de fronteiras e liberdade de movimento para os moradores de Gaza; a abertura da passagem de Rafah coordenada entre Egito e Autoridade Palestina; a libertação de prisioneiros que foram novamente capturados durante a investigação do sequestro dos três adolescentes israelenses; a libertação de mais uma leva de prisioneiros; a permissão para que pescadores de Gaza possam navegar até 12 milhas náuticas de distância da costa; a permissão de liberdade de movimento para palestinos em corredores atualmente restritos; e o estabelecimento de uma comissão internacional para assegurar a implementação do acordo. As informações são do jornal israelense Haaretz.
Acho pouco provável que Israel aceite todas essas demandas. Principalmente em virtude do armamento apresentado pelo Hamas neste conflito atual. Mesmo com o território de Gaza bloqueado, o Hamas conseguiu aumentar e melhorar seu arsenal. Se no conflito de novembro de 2012 as comunidades israelenses mais suscetíveis estavam restritas ao sul do país, agora toda a extensão de Israel está ao alcance do grupo. Por ora, foi possível mapear que o Hamas possui mísseis M-302 de fabricação chinesa e montagem na Síria com alcance de 160 km. Se Gaza estava bloqueada por terra e mar, como foi possível obter este tipo de armamento sofisticado? Para entender a razão, volto ao penúltimo parágrafo do post do dia 21 de julho. Leia aqui.
Para suspender o bloqueio a Gaza, Israel vai exigir garantias da comunidade internacional. E aí será necessário que os atores que hoje tentam obter o cessar-fogo se comprometam. Quem estará de fato disposto a impedir que o Hamas obtenha mais armamento? E com isso chego ao pedido de autorização para navegação a 12 milhas náuticas da costa. Quem vai estar disposto a navegar pelo Mar Mediterrâneo impedindo que qualquer barco pesqueiro de Gaza se transforme em receptor de contrabando marítimo de armas?
Seja lá qual for o resultado dessas negociações, é impossível não interpretar que o Hamas é o ator que mais conseguiu vitórias neste conflito. E, claro, acho que a decisão israelense vai passar por isso também. O dilema do governo de Natanyahu vai precisar fazer uma escolha ingrata: assumir que é possível acabar com a infraestrutura do Hamas (o que de fato não é) e continuar com este conflito que a cada dia isola o Estado judeu da comunidade internacional devido às inúmeras e lamentáveis perdas de vidas civis? Ou acatar às demandas de Hamas e Autoridade Palestina, encerrar as atividades militares, mas ter a certeza de que o Hamas sai fortalecido entre os palestinos e mesmo regionalmente?
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