Nesta quarta-feira, um ataque do Hezbollah matou dois soldados israelenses e feriu sete no norte do território de Israel. A autoria foi rapidamente assumida pelo grupo. Há dez dias, um ataque aéreo a um comboio do Hezbollah matou seis de seus membros além de um general do alto escalão militar iraniano. Sobre este episódio, leia aqui a análise que escrevi. A ação desta quarta representa a maior investida da milícia xiita libanesa a Israel desde a guerra de 2006. O Hezbollah se afirma a cada dia como entidade não-estatal relevante no jogo político do Oriente Médio. Certamente, em função dessas vitórias no plano regional, Israel já assumiu a posição de que, num eventual novo conflito mais amplo com o grupo, irá considerar o Líbano responsável pelos ataques.
Mesmo que tenha exposto esta nova diretriz, Israel ainda não a colocou em prática. Nesta quarta-feira, respondeu aos ataques do Hezbollah diretamente. Isso pode ser explicado porque, curiosamente, Israel e Hezbollah consideram que este não é o momento apropriado para movimentos mais amplos. Em 2014, Israel travou uma guerra de 50 dias de duração com o Hamas, no sul do país. Por mais que tenha conseguido impor grande dano às estruturas do grupo, obteve também consideráveis prejuízos militares e também diplomáticos em função do grande número de perdas civis palestinas. Não por acaso, as Forças de Defesa de Israel informaram que irão responder horizontalmente; ou seja, só aumentarão a intensidade das respostas caso o Hezbollah siga este caminho.
A questão é saber a posição da cúpula de segurança de Israel a partir da divulgação das mortes do soldados. Inicialmente, a informação era de que os oficiais haviam sido feridos. Mortes de soldados sempre causam grande impacto na sociedade israelense, na medida em que servir às forças armadas do país faz parte da vida de todos os cidadãos. Considerando que segurança é prioridade do governo Netanyahu, é pouco provável que o primeiro-ministro dê o assunto com o Hezbollah por encerrado, ainda mais com eleições marcadas para março. Netanyahu sabe também que Hezbollah e Irã estão profundamente vinculados. Na prática, o Irã é seu maior patrocinador e, por meio do Hezbollah, consegue impor sua presença de maneira sempre ameaçadora na fronteira norte de Israel. Enquanto o presidente Obama investe capital político em negociações sobre o programa nuclear iraniano, o primeiro-ministro israelense tem intensificado sua oposição à nova aproximação entre Washington e Teerã.
Todos esses elementos serão levados em consideração durante a formulação da resposta de Israel ao ataque do Hezbollah. Por isso, considero possível que Jerusalém opte por reforçar sua posição no norte do país.
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