O Estado Islâmico exigiu a libertação da terrorista Sajida al-Rishawi em troca do piloto da força aérea jordaniana Moaz al-Kasaesbeh. É a primeira vez que o grupo faz este tipo de exigência. Até o momento, o sequestro era uma forma de angariar recursos. Não há como saber se a troca de prisioneiros passará a ser novo mecanismo do relacionamento entre o EI e o resto do mundo. Há, no entanto, crítica internacional contundente ao rei da Jordânia por ele ter sinalizado interesse na proposta do grupo terrorista.
É inevitável o raciocínio de que negociação deste tipo abre uma porta que não se fecha e pode realmente aumentar o interesse do grupo em sequestros de cidadãos estrangeiros. Mas é preciso lembrar que a Jordânia não seria caso inédito na negociação com terroristas para a libertação de cidadãos. EUA e Israel já fizeram isso. Israel, inclusive, libertou mais de mil prisioneiros palestinos em troca da libertação de Gilad Shalit, em 2011. Mantido em cativeiro pelo Hamas por cinco anos, a libertação de Shalit foi amplamente aprovada por votação interna do gabinete de segurança de Israel e também pela opinião pública nacional. O caso do piloto jordaniano é similar, muito embora o governo local esteja muito mais pressionado pela opinião pública em relação a suas escolhas geopolíticas mais amplas.
Normalmente, os pilotos jordanianos são membros de famílias influentes, caso da família Kasaesbeh. Ao mesmo tempo, a aliança que a Jordânia mantém com os EUA e o acordo de paz com Israel são tema de muita controvérsia no país. Negociar o retorno do piloto com o EI pode ser uma forma de o rei Abdullah II aplacar momentaneamente os questionamentos sobre as alianças internacionais jordanianas e a própria participação do país na coalizão que combate o Estado Islâmico. Naturalmente, também, a ideia é reafirmar o compromisso do rei com a vida dos cidadãos do país acima de qualquer interesse estratégico internacional. Muito embora não seja este o caso, claro.
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