quinta-feira, 14 de maio de 2009

A batalha do Líbano

Em menos de um mês, mais um capítulo importante da história do Oriente Médio está para ser escrito. Ou melhor, dois. Mas desta vez prefiro me deter sobre as eleições parlamentares libanesas, marcadas para o próximo dia 7. Já mencionei a tão esperada votação no Irã, prevista para a semana seguinte.

 

Apesar de pequeno, o simbolismo do Líbano é bastante significativo. Trata-se de um país ainda dividido étnica (xiitas, sunitas, druzos e alawites) e religiosamente (muçulmanos e cristãos). Por outro lado, é também a única democracia pró-ocidental no mundo árabe. E para complicar mais a situação, tudo isso pode estar prestes a mudar.

 

Como se sabe, o Hezbolah é um ator importante no país. E, dependendo do resultado nas urnas, pode ser alçado a um papel mais central. Caso a aliança comandada pelo grupo – que tem apoio logístico de Síria e Irã e laços ideológicos com o Hamas – consiga a vitória nas urnas, ninguém sabe como o Líbano atuará a partir de então.

 

Principalmente, nem os próprios norte-americanos sabem exatamente o que devem esperar caso o Hezbolah passe a ter ainda mais poder. E o Líbano é um aliado importante no instável equilíbrio da região. Segundo o The Washington Times, nos últimos três anos os EUA repassaram 1 bilhão de dólares ao governo de Beirute. Deste total, cerca de 410 milhões de dólares foram destinados ao fortalecimento das forças armadas libanesas.

 

O exército do país é um contraponto silencioso ao braço armado do Hezbolah. E por isso é tão necessário para Washington investir em sua afirmação como principal representação bélica.

 

Se o Hezbolah vencer, Síria, Irã e Hamas – que como explicado no texto da última segunda-feira, 11 de maio – também vão se considerar vitoriosos nesta pequena-grande batalha política que está para ocorrer.

 

Fundamental neste momento é saber de que lado as potências ocidentais devem se posicionar. Os EUA torcem claramente por uma vitória da aliança conhecida como “14 de Março” (nome dado em homenagem ao dia em que uma grande manifestação contra a influência Síria foi realizada em Beirute, em 2005), coalizão composta pela maioria dos parlamentares libaneses.

 

A Grã-Bretanha manifestou em março interesse de restabelecer diálogo com o Hezbolah, rompido desde 2005. Em 2008, os ingleses incluíram o grupo na lista de organizações terroristas.   


Enquanto Síria, Irã, Hezbolah, Hamas e Qatar agem coordenadamente, existe um grande desconforto e desinformação sobre como o ocidente vai proceder a partir de junho. Afinal, uma vitória do grupo xiita radical libanês – adepto de métodos terroristas – pode reverberar em todo o Oriente Médio.


Nenhum comentário: