As eleições para o Parlamento Europeu estão marcadas para ocorrer entre os dias 4 e 7 do mês que vem. O pleito é realizado em cada país e os assentos são divididos de acordo com o tamanho da população. Assim, a Alemanha, por exemplo, é quem tem direito ao maior número de cadeiras (99) justamente por conta de seus mais de 80 milhões de habitantes.
Mas a votação acontece polarizada pelo velho confronto entre direita e esquerda. Não exatamente um lado contra o outro, mas cada uma das partes tentando evidenciar que seus projetos representam parte da solução contra a crise financeira.
E surge aí um velho, perigoso e conhecido problema: o extremismo de direita que se fortalece diante de um cenário de desemprego, falta de perspectivas e encolhimento da economia.
Em dois dos principais membros da União Europeia essa guinada à direita começa a acontecer. Na Alemanha – cuja taxa de desemprego está em 8,6% e com perspectivas de aumentar – Horst Koehler conseguiu a reeleição para a presidência neste sábado. Ele não chega a ser um extremista, mas sua vitória pode evidenciar uma tendência nos países do bloco.
O caso mais grave, sem dúvida, é a Itália. Berlusconi conseguiu com que o parlamento aprovasse uma super polêmica lei de “segurança interna”, que torna crime a imigração ilegal.
Outro ponto criticável da nova legislação italiana permite a denúncia judicial de clandestinos no país. Por exemplo, incentiva a formação de “associações de cidadãos”. Esses grupos poderão fiscalizar a presença de imigrantes ilegais e denunciá-los. Isso me lembra algumas práticas comuns na Europa da década de 1930. Ah, antes que me esqueça, 76% dos italianos aprovam as medidas. Os principais alvos de Berlusconi são os ciganos.
A Grã-Bretanha também observa o crescimento do Partido Nacional Britânico (BNP, em inglês). Com slogans do tipo “empregos britânicos para britânicos”, a legenda espera conseguir uma vaga no Parlamento Europeu.
Por outro lado, os partidos de esquerda veem essas eleições como uma oportunidade de se legitimarem ideologicamente. Boa parte deles tentará provar durante a campanha que o capitalismo estava errado e foi ele quem provocou esta crise. Particularmente, acho essa demanda da esquerda a menos grave.
As eleições europeias devem ser marcadas por este confronto ideológico. Sejam quais forem os resultados, sem dúvida serão os imigrantes quem deverão sofrer as consequências práticas.
O tempo passa e os dilemas na Europa permanecem os mesmos.
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