Enquanto Papa Ratzinger faz uma visita ao Oriente Médio, o primeiro-ministro Bibi Netanyahu está no Egito. Existe uma razão para explicar por que o líder israelense está reunido com o presidente egípcio. Ele tem assuntos realmente mais importantes a tratar. E o tema da conversa com o presidente Hosni Mubarak é realmente vital para a região. Muito mais que os previsíveis apelos de Ratzinger pela paz.
Bibi está discutindo a consolidação de uma improvável aliança. Por mais estranho que possa parecer, o Irã está polarizando os países da região. E para completar este cenário, alguns dos mais importantes Estados do Oriente Médio estão do lado de Israel. Silenciosamente, é claro.
É o caso do próprio Egito de Mubarak, cada vez mais incomodado com dois fatores: o crescimento da Irmandade Muçulmana dentro do país (bastante manifesto durante o conflito entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza) e principalmente com a interferência direta de Irã e Hezbolah.
Pouco se falou sobre o assunto, mas autoridades de segurança egípcias detonaram uma célula terrorista do Hezbolah no mês passado. Nove pessoas foram presas acusadas de “espionagem, trabalho para um Estado estrangeiro e dano à segurança interna do Egito”.
Segundo o jornal The Boston Globe, a nota divulgada pelas autoridades do Cairo relata que o Hezbolah – com suas conexões com a inteligência iraniana – estava atuando de forma a solidificar a estratégia do Irã de desestabilizar seus rivais com o objetivo de se consolidar como potência dominante da região.
Não resta dúvida de que os planos de Teerã são esses mesmos. O curioso é que um país árabe manifeste publicamente esta opinião num momento em que os EUA se mostram dispostos a fazer cada vez mais concessões a Ahmadinejad em troca de uma eventual aproximação.
Que um ponto fique claro: a estratégia iraniana de repetidamente negar o Holocausto e defender que “Israel seja varrido do mapa” tinha um objetivo claro: unir mais uma vez o mundo árabe e muçulmano em torno desses slogans tendo Ahmadinejad como o capitão da cruzada.
Teerã acreditava que sua liderança seria inconteste, uma vez que os demais países o apoiariam ou ao menos não se colocariam em seu caminho.
Mas a complexidade das relações internacionais pode ter mudado o jogo. Os Estados sunitas estão bastante descontentes com a polarização da região. Essa situação deve dar à questão cores de surrealidade. Como disse, mesmo na encolha, Egito, Arábia Saudita, Jordânia e Marrocos devem se aliar a Israel na tentativa de impedir que o Irã se torne uma potência nuclear.
Do outro lado da moeda estão o próprio Irã, Síria, Qatar, Hezbolah e Hamas.
O próximo capítulo deste fascinante jogo de xadrez está marcado para o próximo dia 18 de maio, quando Bibi estará em Washington e deve expor tudo isso a Obama.
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