terça-feira, 19 de maio de 2009

Bibi leva pequena vantagem em reunião com Obama

As consequências do frio encontro entre Obama e Bibi já começam a aparecer. E as declarações de bastidores não me surpreendem. A primeira delas é dura e vem de um oficial israelense que pediu anonimato ao ser ouvido pelo Canal 10 – também de Israel.

Israel vai ter de agir por conta própria para impedir o desenvolvimento nuclear iraniano até o final deste ano, caso o diálogo direto proposto pelo presidente americano não seja capaz de frear as ambições atômicas de Mahmoud Ahmadinejad.

Em texto publicado no último dia 17 de abril antecipei minha aposta de que um ataque israelense às usinas nucleares iranianas – mesmo sem apoio dos EUA – é bastante possível. Mais do que isso, provável.

O aguardado primeiro encontro entre Bibi e Obama durou mais tempo que o previsto, mas não promoveu o fim das desavenças entre os dois líderes recém-empossados.

Obama esperava que Netanyahu concordasse publicamente quanto à criação de um Estado palestino ao lado de Israel. Netanyahu, por sua vez, esperava de Obama maior condenação ao Irã. Nada disso aconteceu. Ou melhor, quase nada.

No embate teórico e retórico, o israelense se saiu um pouco mais vencedor que seu colega americano. Se Obama não divulgou um cronograma claro de até quando vai sua paciência em esperar um feedback positivo iraniano, ele ao menos declarou em público que os EUA “não vão conversar eternamente”.

Isso significa que Washington tem sim um limite. E Netanyahu não é nada bobo e na coletiva de imprensa disse ter entendido de sua conversa com o presidente americano que “todas as opções ainda estão na mesa”, uma expressão muito usada pela administração Bush para deixar claro que a alternativa militar deve ser considerada.  

Segundo o New York Times, o argumento apresentado pelo primeiro-ministro israelense foi bastante claro e este pode ter sido o fator determinante do fio-condutor das conversas desta segunda-feira sobre o Irã

“A lógica do ponto de Netanyahu foi: ‘o que você vai fazer se seu poder de diplomacia e sanções mais duras não funcionarem?’”, explica Aaron David Miller, ex-negociador para assuntos do Oriente Médio em mandatos democratas e republicanos.

Jogando as cartas na mesa sem meio-termo, Bibi conseguiu fazer com que a conversa girasse em torno dos interesses políticos do país que representa.

Como as próximas três semanas de trabalho de Obama serão em grande parte dedicadas a questões do Oriente Médio, muitas outras novidades ainda devem surgir. Nesta “batalha”, Israel marcou seus primeiros pontos diplomáticos.

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