A partir de hoje, o líder do Likud, Benjamin Netanyahu, terá seis semanas para formar a maioria no parlamento israelense e aí sim assumir o cargo de primeiro-ministro do país. Após se encontrar com o presidente Shimon Peres, lançou um apelo por uma coalizão capaz de manter um governo de unidade nacional. Isso pode até acontecer, uma vez que nenhum cenário está descartado de vez.
Na pauta de Bibi a prioridade é a segurança. E para alguém que considera o Irã a principal ameaça à existência de Israel, as notícias divulgadas nesta semana pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) são animadoras. Ou desanimadoras, dependendo do ponto de vista.
Segundo comunicado da agência, oficiais da IAEA descobriram que a República Islâmica produziu mais material nuclear do que se acreditava antes. Seria uma tonelada de urânio enriquecido que poderia gerar 20 quilos de material físsil – suficiente para uma bomba.
Em entrevista ao Financial Times, David Albright, diretor do Instituto de Ciências e Segurança Internacional, afirma que a decisão de produzir armamento nuclear está nas mãos dos dirigentes iranianos.
“Se o Irã quiser obter (armamento nuclear), estamos entrando numa era na qual ele pode fazê-lo rapidamente”, diz.
Mas a estratégia de abordagem de Netanyahu ainda é uma simples hipótese. Até porque ele quer contar com o apoio de Livni e das 28 cadeiras do Kadima. Mesmo que ela tenha concordado em se encontrar com o líder do LIkud, é pouco provável que aceite se aliar à direita israelense.
É interessante, mas Livni tenta agir sem o pragmatismo responsável por sua vitória nas urnas. Os eleitores a elegeram em boa parte para evitar um governo do Likud. Mas ela mesma mantém um discurso ideológico que explica sua aversão a Bibi. É estranho, mas não incoerente.
Em entrevista ao Haaretz, a líder do Kadima disse que não se uniria a um governo que inclui o partido ortodoxo Shas, Habayit Hayehudi e o União Nacional. Mas pode participar de uma coalizão formada apenas por Likud, Kadima e Yisrael Beiteinu.
“Netanyahu nos pediu para aderir a uma coalizão com o Shas – que pede que eu pare de negociar com os palestinos –, além desses partidos e do próprio Bibi, que se recusa a conversar sobre uma solução baseada
É claro que a ideologia não é a única motivação de Livni. Sem o Kadima, a direita vai manter uma maioria tênue com apenas 65 cadeiras.
Mas nem todo mundo concorda com a oposição da legenda. Para o jornalista Gil Hoffman, do Jerusalem Post, Livni deveria aceitar o convite de Netanyahu e se manter como a mulher forte do governo, possivelmente entrando para a história numa gestão que promete não se abster de lidar com grandes dilemas israelenses. Em artigo publicado nesta sexta-feira, ele compara Shimon Peres e Al Gore como figuras que não venceram eleições, mas tiveram relevância na política internacional recente.
“Peres e Gore podem até ser perdedores, mas ambos são detentores de prêmios Nobel que conseguiram unir seus países mesmo num período tardio da carreira dos dois. Gore mobilizou o mundo para se preparar para os desafios impostos pelo aquecimento global. Israel está diante de uma ameaça por parte do Irã. Livni poderia ajudar Netanyahu a apresentar uma frente unida para combater este perigo”, escreve.
PS: a coluna volta na quarta-feira de cinzas. Bom carnaval a todos.
Um comentário:
Muita lucidez e clareza, bom para entender o complexo sistema de coalizões e coalizões na terrinha.Ate por que vai para além da questao ideologica, tudo a ver com a politica externa e como andei lendo, bem, são tantas opiniões... Se seria/será melhor com Bibi ou Tzipi ,e agora Bibi com Shas e cia ou não, que até voltei aqui para não ficar na mera conjectura...
E realmente, nada é certo...Mas torcer para que dê certo!Pela paz , e a auto existencia israelense!
Abraço .
Armando Aguiar
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