A libertação do navio ucraniano MV Faina foi comemorada como uma vitória nesta quinta-feira. Os piratas somalis aceitaram o pagamento de cerca de 3 milhões de dólares como resgate pela embarcação. Como no continente africano, entretanto, tragédia pouca é bobagem, uma denúncia da BBC revela que a valiosíssima carga de armamento tinha como destino o país onde se realiza o maior genocídio em curso no planeta, mas para o qual o mundo não dá a menor importância: o Sudão.
Segundo o governo do Quênia, onde o MV Faina aportou em novembro de 2007 antes do sequestro, o navio ucraniano transportava 33 tanques T-72 de fabricação soviética, 15 lança-granadas, seis veículos de transporte de baterias antiaéreas e grande quantidade de munição.
A equipe de reportagem da BBC teve acesso a documentos que sugerem que o destino final do carregamento era o governo autônomo do Sudão do Sul. A região parece estar se antecipando ao referendo a ser realizado em 2011 que irá decidir se o Sudão será mesmo dividido em duas partes.
A promessa é de mais uma guerra sangrenta no país, caso as disputas políticas entre as regiões não sejam resolvidas pacificamente. Até o momento, segundo a ONU, o conflito em Darfur já matou 300 mil pessoas, além de ter provocado o deslocamento de outras 2,7 milhões.
A situação dos piratas somalis que sequestraram o navio MV Faina e dezenas de outras embarcações também não é muito melhor. Para se ter ideia do caos na Somália, catorze diferentes governos já tentaram sem sucesso administrar o país. Isso num período que compreende os anos entre 1991 e 2009.
A verdadeira preocupação ocidental
Enquanto morte e desgoverno não sensibilizam os países ocidentais, a situação na costa africana ilustra com bastante propriedade a abordagem estritamente econômica por parte do mundo desenvolvido.
Uma grande força tarefa internacional patrulha as águas internacionais e a rota do tráfego marítimo de mercadorias. A união entre as diversas marinhas de guerra poderia comover os mais incautos. Estão envolvidas na operação as forças armadas de China, Índia, Rússia, França, Estados Unidos, Dinamarca, Arábia Saudita, Malásia, Grécia, Turquia e Grã-bretanha.
O curioso é que, para acabar com as mortes em Darfur, uma lentíssima articulação política promete até junho deste ano aumentar para 26 mil o número de soldados da missão conjunta de paz. Mesmo que um relatório da ONU realizado no ano passado tenha concluído que as forças militares alocadas na região não eram capazes de impedir o tráfego de armas, defenderem-se ou mesmo proteger os civis.
Segundo o governo do Quênia, onde o MV Faina aportou em novembro de 2007 antes do sequestro, o navio ucraniano transportava 33 tanques T-72 de fabricação soviética, 15 lança-granadas, seis veículos de transporte de baterias antiaéreas e grande quantidade de munição.
A equipe de reportagem da BBC teve acesso a documentos que sugerem que o destino final do carregamento era o governo autônomo do Sudão do Sul. A região parece estar se antecipando ao referendo a ser realizado em 2011 que irá decidir se o Sudão será mesmo dividido em duas partes.
A promessa é de mais uma guerra sangrenta no país, caso as disputas políticas entre as regiões não sejam resolvidas pacificamente. Até o momento, segundo a ONU, o conflito em Darfur já matou 300 mil pessoas, além de ter provocado o deslocamento de outras 2,7 milhões.
A situação dos piratas somalis que sequestraram o navio MV Faina e dezenas de outras embarcações também não é muito melhor. Para se ter ideia do caos na Somália, catorze diferentes governos já tentaram sem sucesso administrar o país. Isso num período que compreende os anos entre 1991 e 2009.
A verdadeira preocupação ocidental
Enquanto morte e desgoverno não sensibilizam os países ocidentais, a situação na costa africana ilustra com bastante propriedade a abordagem estritamente econômica por parte do mundo desenvolvido.
Uma grande força tarefa internacional patrulha as águas internacionais e a rota do tráfego marítimo de mercadorias. A união entre as diversas marinhas de guerra poderia comover os mais incautos. Estão envolvidas na operação as forças armadas de China, Índia, Rússia, França, Estados Unidos, Dinamarca, Arábia Saudita, Malásia, Grécia, Turquia e Grã-bretanha.
O curioso é que, para acabar com as mortes em Darfur, uma lentíssima articulação política promete até junho deste ano aumentar para 26 mil o número de soldados da missão conjunta de paz. Mesmo que um relatório da ONU realizado no ano passado tenha concluído que as forças militares alocadas na região não eram capazes de impedir o tráfego de armas, defenderem-se ou mesmo proteger os civis.
4 comentários:
Mais uma vez, excelente escolha de assunto.
è bom ter um canal que lança, não mísseis, mas holofotes nos conflitos mais obscuros -- ou obscurecidos pela agenda dos grandes jornais e/ou mesas das principais cimeiras.
Ainda, parabéns por abordar os viéses políticos E econômicos-- não só dos fatos.
Vagner Duarte
Excelente artigo, Henry. Esses países da áfrica estão largados as moscas. O Sequestro de navios nessa região virou um 'negócio' de milhões de dólares em pagamentos de resgate. No caso desse navio ucraniano, até o governo do Quênia se dizia dono do carregamento de armas. Parabéns pelo blog!!
Fico realmente feliz que vocês tenham gostado do texto. Apesar de ter o compromisso de acompanhar a agenda internacional, gosto de abordar a realidade daqueles à margem da imprensa
Mesmo nas questões 'perifericas' ,há primazias de assuntos.Lembro que cheguei a ler sobre o caso do "sir Drake'somali pela web.Mas quanto a Darfur, estupro, arabização forçada desta região no Alto Sudão, nada, nada...
Valeu por tirar a poeira da Africa
Ricardo
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