A luta por legitimidade do Hamas ainda não acabou. O cessar-fogo é apenas uma parte da estratégia adotada pelo grupo para ser oficialmente “consultado” sobre o futuro da região. Além disso, ao quebrar a recente trégua, o movimento extremista busca influenciar também a política interna de seu maior inimigo. A uma semana das eleições gerais em Israel, as atitudes do Hamas mostram que seu candidato preferido ao cargo de primeiro-ministro israelense é o líder do Likud, Benjamin Netanyahu.
O objetivo é não facilitar a vida de Olmert, Livni e Barak. Acatar o cessar-fogo unilateral de Israel seria dar de bandeja o maior argumento à cúpula do governo de que a guerra conseguiu, finalmente, promover a tranquilidade no sul do país.
E por isso os dois candidatos da situação – Barak e Livni – responderam de maneira semelhante num programa de TV sobre como pretendem reagir aos novos mísseis que voltaram a ser lançados de Gaza.
“O Hamas foi atingido como nunca. Se voltar a nos atacar, será bombardeado novamente”, disse Barak.
Livni complementou a resposta. Além de defender novos ataques ao grupo, preferiu a postura política de isolá-lo.
“Não pretendo alcançar qualquer acordo com o Hamas. Eu faço acordos com aqueles que aceitam minha existência”, disse, lembrando a postura ideológica do grupo de negar a existência de Israel.
Netanyahu, que segundo as pesquisas é o favorito na corrida eleitoral, voltou a dizer que o Irã é a maior ameaça a Israel. Ele não citou abertamente um ataque à república islâmica, mas esta foi sua declaração ao ser questionado sobre como frearia as ambições nucleares do país:
“As medidas vão incluir tudo o que for necessário para tornar isso uma realidade (impedir que o Irã obtenha armas atômicas)”, disse. Também completou afirmando que esta será sua primeira missão, se eleito.
Existe uma concordância velada entre as partes. Bibi necessita dos mísseis do Hamas – que mostram a inoperância de seus concorrentes – para se eleger. O Hamas precisa da postura ameaçadora de Bibi para receber mais doações e armamentos do Irã.
O diálogo com o Hamas
Aliás, negociar ou não com o Hamas é outro ponto de discordância que envolenvolvendo os valores diplomáticos de Estados Unidos e Israel.
Obama não pode no momento admitir abertamente esta possibilidade. Embora haja aqueles que defendem uma postura conciliatória com o Hamas.
É o caso do ex-chefe do Mossad – o serviço secreto de Israel –, Ephraim Halevy. Para ele, por mais que os membros do grupo neguem, boa parte deles estaria disposta a aceitar as fronteiras do Estado Judeu pré-1967.
Ora, se esta premissa é válida, por que o problema não é resolvido de uma vez? Fawaz A. Gerges, professor de Estudos do Oriente Médio e Assuntos Internacionais da Sarah Lawrence College, nos EUA, especula sobre a resposta em artigo publicado no Los Angeles Times.
“Aparentemente, os líderes do Hamas acreditam que a aceitação formal da existência de Israel é o último cartucho a ser queimado. Por que usá-lo antes de as conversações começarem?”, argumenta.
Um comentário:
A direita israelense precisa do radicalismo do Hamas para se justificar e se manter.E o Hamas para obter sua ajuda financeira, precisa da politica de uso da força israelense,para assim engrossar o panteão de martires e também vitimas civis ,importantes para o que constituem como vitória moral deles sobre um dos mais poderosos exercitos do mundo, o israelense.
Será que não teria como romper este ciclo?
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