Imaginava que a repercussão da primeira visita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a Washington continuaria ao longo desta semana. Só que as medidas, declarações e atitudes tomaram proporções muito grandes e rápidas. Não poderia deixar de ser assim no momento em que os líderes mundiais percebem que algo de muito significativo está para acontecer amanhã. O final de ano é amanhã.
É claro que os primeiros furos de reportagem viriam de Washington, onde a delegação de Israel realiza encontros. A vaidade humana misturada à estratégia política facilita o vazamento de informações. A mais importante delas, e publicada pela edição de hoje do Washington Times com exclusividade, dá ainda mais crédito ao sucesso do poder de argumentação de Bibi com as autoridades americanas.
O jornal informa que EUA e Israel acordaram a criação de um grupo de trabalho para avaliar o progresso da abertura de diálogo com o Irã, além de compartilhar informações de inteligência sobre o programa nuclear da república islâmica.
Essa é uma tremenda reversão de crise, expressão muito usada no mundo do trabalho de hoje. Há uma enorme diferença entre o ambiente de desconfiança com que a delegação de Israel foi recebida para, no dia seguinte, este consenso sobre a urgência de se debruçar sobre a questão iraniana.
Em contrapartida, por mais que Bibi não tenha mencionado palavra aos jornalistas sobre a expansão dos assentamentos judaicos na Cisjordânia, hoje mesmo o ministro da defesa do país, Ehud Barak, adotou uma postura firme sobre o assunto. Ele comunicou ao grupo porta-voz do movimento (Yesha, em hebraico) que o atual governo israelense está disposto a usar inclusive a força para desmantelar as colônias consideradas ilegais – cerca de cem.
E o argumento usado por Barak mostra que as autoridades estão realmente temendo um perigosíssimo desgaste com o governo Obama: “os assentamentos ilegais causam danos consideráveis a Israel no cenário internacional”. Por cenário internacional, entenda-se Estados Unidos. O Estado judeu sabe que não pode prescindir do apoio americano. Muito menos agora.
Do outro lado da moeda desta disputa internacional igualmente interessante e assustadora, o Irã realizou hoje com sucesso testes de lançamento do míssil Sajjil-2, que tem alcance de até dois mil quilômetros, podendo atingir Israel e as bases militares do EUA na região. É, sem dúvida, uma resposta ao encontro entre os líderes americano e israelense
Como curiosidade – e isso tem importância menor diante dos demais fatos –, o lançamento da arma iraniana provocou a suspensão da visita do ministro das relações exteriores da Itália, Franco Frattini, ao Irã. Mahmoud Ahmadinejad insistiu que o encontro fosse realizado em Semnan, local do lançamento de hoje. O presidente iraniano é de uma sutileza única.
2 comentários:
Esse blog precisa ser genial em todos os artigos? Assim não há Top 5 que resista por uma semana.
Obrigado, Carolina. O blog é apenas dedicado. São esses comentários que me estimulam a ser ainda mais produtivo!
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