segunda-feira, 8 de junho de 2009

Derrota do Hezbolah no Líbano pode ser o começo de uma virada no Oriente Médio


São tantas as eleições desta semana que é até difícil saber por qual delas começar o texto de hoje. Acho que a mais simples é a europeia, cuja vitória dos conservadores era manjada há um tempo. Na equação proposta pelas urnas, os eleitores deram uma boa margem para a direita que, diante de uma crise financeira sem precedentes e de taxas de desemprego assustadoras – como a de mais de 17% na Espanha –, tem como programa de governo para os próximos anos a velha e conhecida caça aos imigrantes. Nenhuma novidade nisso.

Interessante e surpreendente mesmo foi a vitória do grupo conhecido como 14 de Março, no Líbano. A coalizão, apoiada retoricamente pelos americanos, conseguiu derrotar o grupo extremista xiita Hezbolah.

Ainda é difícil avaliar os resultados práticos desta derrota dos radicais libaneses. Mas ela pode ser interpretada de algumas maneiras: 1 – a visita do vice-presidente americano Joe Biden ao país, em 22 de maio, e o discurso de Obama no Cairo, na última semana, podem ter surtido efeito direto no resultado, o que seria um sinal de que aos poucos os EUA conseguem dissolver o poder da retórica antiamericana na região; 2 – o momento é muito importante: na sexta-feira, as eleições no Irã podem mesmo decidir o futuro do Oriente Médio a curto e longo prazos.

Existe a esperança de que o a vitória do 14 de Março no Líbano possa ser o início de uma onda de ascensão de governos e grupos moderados no Oriente Médio. Na minha opinião, se isso acontecer, Obama não precisará fazer mais nada nos próximos quatro anos para inscrever seu nome na lista dos maiores presidentes americanos de todos os tempos. Mas acho que é prematuro para chegar a qualquer conclusão.

De qualquer forma, fica também o marco de independência do povo libanês. Depois de ir as ruas e dar um sonoro "não" ao domínio sírio, em 2005, a mensagem agora ratifica a decisão de quatro anos atrás. Como se sabe, o Hezbolah é um importante aliado de sírios e iranianos no país. Para ser mais claro, vale citar o apelo de última hora emitido pela Igreja Maronita libanesa, avisando que a identidade árabe do Líbano estava ameaçada – uma clara referência ao Hezbolah e a seu patrocinador, Irã.

Até o momento, o próprio Hezbolah aceitou o resultados das urnas. Segundo o editor-chefe da revista síria Forward Magazine, Sami Moubayed, está é a posição também do presidente Bashar Assad, em Damasco.

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