Na próxima quinta-feira, o presidente americano, Barack Obama, estará no Cairo, capital do Egito, onde fará um dos mais aguardados pronunciamentos do ano. Segundo o analista Howard Fineman, da Newsweek, o objetivo de seu discurso é nada menos do que reconciliar Islã e modernidade. Mas, em meio a tanto otimismo, alguns dados chegam da guerra travada pelos EUA no Iraque.
É verdade que o ex-país de Saddam ficou meio esquecido nas últimas semanas. A luta entre talibãs e forças governamentais do Paquistão tem merecido maior destaque. Além, é claro, da escalada de ameaças e testes nucleares na Coreia do Norte.
Um fato ocorrido nesta segunda-feira me chamou a atenção. A divulgação dos recentes números sobre a violência no Iraque. É chocante e interessante notar como uma mesma notícia pode ser veiculada de várias maneiras. Tudo depende somente da empresa de comunicação responsável pela publicação e de suas filiações e simpatias ideológicas.
No caso, as duas empresas enxergam o mundo de maneira diferente, muito embora ambas sejam referências internacionais. Dando nome aos bois: The Wall Street Journal e BBC.
A matéria da BBC leva o título “mortes de americanos no Iraque aumentam em maio”.
“Em maio, 24 soldados dos EUA morreram, aumentando o número total de mortos americanos desde a invasão de 2003 para pouco mais de
No terceiro parágrafo, entretanto, o leitor fica sabendo que houve uma queda significativa na quantidade de baixas civis. Citando os ministérios do Interior e Saúde iraquianos, a BBC divulga a informação de que 124 civis morreram
Já o olhar do Wall Street Journal é repleto de um otimismo absolutamente oposto ao da BBC. A manchete é “mortes no Iraque diminuem” e o subtítulo é ainda mais explícito: “o mês de maio apresentou o menor número de mortes violentas desde 2003 (o ano da invasão ao país)”.
Logo em seguida, o texto cita as mesmas informações da matéria da BBC em relação ao número de civis mortos e a comparação com o mês de abril.
Com o Oriente Médio em evidência desde o 11 de Setembro e as ofensivas militares que se sucederam, informação é um bem valioso e que serve a interesses diversos. Neste caso específico, o maniqueísmo é claro: os dados podem ser interpretados de maneira favorável ou contrária à guerra contra o terror.
Por outro lado, as fontes estão aí pra quem quiser procurar. A guerra da mídia pode ser tão disputada quanto a real.
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