quarta-feira, 24 de junho de 2009

Muita novidade e pouco resultado nas guerras de AfPak e Iraque

Enquanto as atenções estão justificadamente voltadas para as manifestações no Irã, as guerras travadas por americanos e forças da OTAN em Iraque, Afeganistão e Paquistão estão sofrendo seguidos golpes.

Antecipando a grande notícia da próxima terça-feira, as tropas dos Estados Unidos – compostas por 133 mil soldados – devem deixar na semana que vem de atuar nas cidades iraquianas e suas atividades ficarão restritas às bases militares. Mas hoje, como vem acontecendo ao longo deste mês, um grande atentado terrorista ocorreu em Sadr City, um dos bairros mais pobres de Bagdá.

É uma clara tentativa de tornar a situação instável às vésperas do início da retirada americana, uma disputa para determinar quem vai ter a palavra final. Quanto mais mortes de civis agora, menos competente o lastro da presença dos militares dos EUA.

Na outra frente de batalha, novas e péssimas notícias. Um ataque equivocado promovido pelos Estados Unidos causou a morte de dezenas de civis numa região tribal do Paquistão controlada pelo Talibã. Apesar de não admitir publicamente, as forças militares dos EUA realizam operações no espaço aéreo paquistanês. É uma tentativa de combater os talibãs em áreas que se tornaram reduto e esconderijo para os líderes extremistas. Desde agosto de 2008, cerca de 40 ataques americanos foram realizados e os erros causaram a morte de 410 civis.

No Afeganistão as notícias tampouco são positivas. Somente na primeira semana de junho, o número de ataques terroristas promovidos pelo Talibã passa de 400. Entre alternâncias de generais no comando da operação americana, os cálculos de gastos militares previstos para este ano ultrapassa a casa dos 60 bilhões de dólares.

A questão financeira pode mesmo ser um dos motivos para a estratégia ocidental não funcionar e sequer conseguir diminuir a adesão civil ao Talibã. Os EUA pagam salários de 100 dólares mensais aos afegãos que desejam ser treinados para fazer parte das forças militares regulares do Afeganistão; o Talibã paga 300 dólares.

Como se vê, ainda falta muito para reverter o cenário em Afeganistão, Iraque e Paquistão. Por mais dinheiro que se empregue, ainda não se conseguiu elaborar uma estratégia eficaz que ao menos consiga tornar claro aos próprios afegãos, por exemplo, que derrotar o Talibã não é algo positivo somente para o governo dos Estados Unidos.

Nenhum comentário: