Se o ex-primeiro-ministro Tony Blair era barbada para ser o primeiro presidente europeu, a UE respondeu a todos os lobbies, expectativas e apostas com a surpreendente escolha do atual primeiro-ministro da Bélgica, Herman Van Rompuy, e da comissária europeia de comércio, Cathy Ashton, para os cargos de presidente e ministro das relações exteriores, respectivamente. Para ser mais claro, dois digníssimos desconhecidos e figuras sem qualquer importância no cenário internacional.
Na primeira vez em que a União Europeia aponta seus representantes supranacionais com poderes de fato para falar pelos 27 países que compõem o bloco, a entidade opta por uma escolha conservadora. Este é o termo mais educado, digamos assim, para diagnosticar um sintoma desta nova dinâmica das relações internacionais. A Europa está em fuga.
A decisão tomada ontem à noite mostra que o subterfúgio será a nova norma da política externa europeia. É como se o recado enviado ao mundo fosse algo do tipo "não nos procure com seus problemas, deixe-nos em paz". E isso é evidente. Basta ler a primeira declaração de Cathy Ashton após ser eleita para o cargo:
"Vou buscar realizar uma estratégia de diplomacia tranquila", disse. Acho que a expressão em inglês que usou explica melhor seus objetivos. "Quiet diplomacy" foram as suas palavras. Ou seja, ela vai trilhar um caminho daqueles que preferem não ser notados, o chamado "low profile".
Ao que parece, o destino do mundo vai ficar mesmo para ser decidido por Estados Unidos, China, os Brics, os grupos terroristas e quem mais se habilitar. A Europa abre mão de sua posição.
A questão é que fingir que os problemas não existem não é suficiente para solucioná-los. Mesmo que a Europa adote essa estratégia, as ameaças estão aí. Aquecimento global, corrida nuclear, terrorismo, dentre outros, são questões das quais não se pode fugir. Cedo ou tarde, será preciso se deparar com elas. E agora, ironicamente, a Rússia mostra que está disposta a acordar seus vizinhos ocidentais. Hoje, os ucranianos decidiram aumentar o preço cobrado de Moscou para transportar o gás para a Europa ocidental.
Ou seja, se a UE não entrar de cabeça neste assunto, é bem capaz que os europeus sofram com a possibilidade de racionamento ou ausência total de gás durante o inverno. Não resta dúvida de que será uma grande oportunidade de Cathy Ashton pôr em prática seu conceito de "diplomacia tranquila".
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
A Europa em fuga
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2 comentários:
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Muito boa análise, Henry Galsky.
Abs
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