O fim de todas as ideologias e a supremacia do capitalismo provocaram grande euforia. Afinal, sem o mundo dividido em zonas de influência entre as potências, não havia mais motivos para que novas guerras acontecessem. Era apenas uma questão de tempo para unir o planeta em torno do livre mercado, aumentar a produtividade, alavancar os países subdesenvolvidos, criar novos mercados e pronto: a história chegaria a um final feliz. Logística e paciência dariam contornos positivos mesmo ao mais precário dos Estados nacionais – todas as populações consumiriam e esta era a chave que parecia ser capaz de abrir as portas do paraíso.
Mas ninguém se deu conta – ou em meio a tanta festa não se podia ver – que o fundamentalismo islâmico era uma realidade pronta para confrontar o ocidente. E foi exatamente isso o que aconteceu, como todos sabem. E este parece mesmo ser um dos maiores desafios do mundo pós-guerra fria, pelo menos no campo das relações internacionais – é preciso lembrar também dos desafios do clima, do fim da recessão econômica mundial, da inclusão econômica e social que ainda não veio.
A queda do muro é um desses eventos marcantes, mas muito diferente de boa parte das lembranças políticas recentes. Ao contrário de situações-chave do mundo, marca a conciliação, não a catástrofe. Alem do mais, dá visibilidade a uma forma de pensamento única não-totalitária. Afinal, quem é louco de defender a existência do muro de Berlim hoje em dia ou ao menos lamentar sua ausência?
Ė interessante notar também que, muito distante da Europa, a China vivenciou sua própria revolução em 1989. Mas a potencia asiática conseguiu graças à sua economia e população encontrar uma brecha no mundo atual. Num regime muito particular e controlado pelo Estado, impõe-se numa mistura bem-sucedida – por mais controversa que seja, os números frios apresentam-na como a próxima maior economia do planeta – de totalitarismo e lógica de mercado.
A verdade é que, 20 anos depois, o mundo é completamente diferente daquele imaginado a partir de 9 de novembro de 1989. E ele tem mudado bastante principalmente desde o início deste século. Justamente porque o multilateralismo já é uma realidade política e econômica. Se, por um lado, a Europa está cada vez mais unida, a Rússia se afunda mais nas paranoias de seus lideres que ainda sonham com o retorno de um mundo anterior a 1989. O interessante mesmo é perceber que, quando se comemora a queda do muro, a Europa já não é, nem de perto, o mais importante dos palcos dos grandes desafios planetários de nossa era.
Mas ninguém se deu conta – ou em meio a tanta festa não se podia ver – que o fundamentalismo islâmico era uma realidade pronta para confrontar o ocidente. E foi exatamente isso o que aconteceu, como todos sabem. E este parece mesmo ser um dos maiores desafios do mundo pós-guerra fria, pelo menos no campo das relações internacionais – é preciso lembrar também dos desafios do clima, do fim da recessão econômica mundial, da inclusão econômica e social que ainda não veio.
A queda do muro é um desses eventos marcantes, mas muito diferente de boa parte das lembranças políticas recentes. Ao contrário de situações-chave do mundo, marca a conciliação, não a catástrofe. Alem do mais, dá visibilidade a uma forma de pensamento única não-totalitária. Afinal, quem é louco de defender a existência do muro de Berlim hoje em dia ou ao menos lamentar sua ausência?
Ė interessante notar também que, muito distante da Europa, a China vivenciou sua própria revolução em 1989. Mas a potencia asiática conseguiu graças à sua economia e população encontrar uma brecha no mundo atual. Num regime muito particular e controlado pelo Estado, impõe-se numa mistura bem-sucedida – por mais controversa que seja, os números frios apresentam-na como a próxima maior economia do planeta – de totalitarismo e lógica de mercado.
A verdade é que, 20 anos depois, o mundo é completamente diferente daquele imaginado a partir de 9 de novembro de 1989. E ele tem mudado bastante principalmente desde o início deste século. Justamente porque o multilateralismo já é uma realidade política e econômica. Se, por um lado, a Europa está cada vez mais unida, a Rússia se afunda mais nas paranoias de seus lideres que ainda sonham com o retorno de um mundo anterior a 1989. O interessante mesmo é perceber que, quando se comemora a queda do muro, a Europa já não é, nem de perto, o mais importante dos palcos dos grandes desafios planetários de nossa era.
2 comentários:
Fukoyama desempregado nesse cenário geopolítico. Acredito que existam mapas por baixo dos mapas destacados atualmente.
Funcao de um brilhante articulista como você trazê-los à superfície.
Um abraco!
Que ótimo ler um comentário seu, Bruno. Melhor ainda é saber que o tenho como leitor. Muito obrigado pelas palavras. Acho importante comentar também essas datas marcantes e interpretá-las sob um ponto de vista diferente ao dos grandes veículos.
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