quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Presidente palestino corre para salvar seu nome

Ainda dando continuidade ao assunto abordado ontem, é importante colocar no centro dos acontecimentos o presidente palestino, Mahmoud Abbas – que, aliás, estará no Brasil a partir de amanhã. Líder do Fatah e figura máxima da Autoridade Palestina, ele tem buscado reverter o mal momento político que vivia desde que aceitou empurrar pra frente as discussões acerca do Relatório Goldstone, documento que acusava Israel e Hamas de terem cometido crimes de guerra durante o conflito em Gaza, em janeiro deste ano.

O gesto pragmático que tomou em nome da contiuidade das negociações de paz não encontrou qualquer respaldo entre os principais grupos políticos palestinos. Pelo contrário, foi capitalizado pelo rival Hamas, que passou a acusar Abbas de ceder a Israel e Estados Unidos. O pragmatismo, muito elogiado no ocidente, foi execrado no Oriente Médio.

Talvez Abbas não imaginasse que sairia tão prejudicado da situação. E talvez por isso esteja jogando todas as suas fichas em limpar seu nome junto a seus compatriotas.

Assim, tem conseguido reverter o início de um processo que culminaria por inclui-lo no nada nobre panteão dos traidores da causa palestina. Por meio de declarações e gestos unilaterais, está conseguindo salvar a própria pele e ser novamente identificado como um símbolo de não-capitulação na Cisjordânia, mesma fama que seu rival Hamas usufrui em Gaza.

É claro que Abbas sabia que seria muito difícil obter apoio para seu projeto de declaração de independência unilateral. Nem mesmo a União Europeia – que politicamente está aliada aos palestinos – quis se comprometer. E esta promete ser uma tremenda saia-justa para o encontro agendado com o presidente Lula, na sexta-feira, em Salvador. Se o presidente brasileiro corroborar a iniciativa do colega palestino, irá se contrapor diretamente a EUA e UE, para os quais as negociações de paz não podem ser substituídas por medidas unilaterais.

Já o também membro do governo de Abbas, o negociador chefe Saeb Erekat, adotou discurso contrário. Disse que se Israel continuar a construir colônias na Cisjordânia, os palestinos devem buscar a alternativa de um Estado binacional, ou seja, um único país para israelenses e palestinos.
Erekat não é bobo e sabe que este é o maior temor de Israel, uma vez que, se a medida fosse adotada, na prática significaria o fim de Israel como Estado Judeu, por conta das taxas demográficas e de natalidade apresentadas pela população palestina. O fato é que as palavras de Erekat assustam bastante os israelenses e foram ditas muito mais para pressionar o governo de Jerusalém do que por convicção própria.

Em relação a este assunto, vale mencionar os resultados divulgados nesta semana por pesquisa realizada em Israel e nos territórios palestinos: 74% dos palestinos e 78% dos israelenses acreditam na solução de dois Estados para dois povos como forma de resolver o conflito.

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