terça-feira, 22 de dezembro de 2009

E se o Irã tiver capacidade nuclear?

Antes de mais nada, devo desculpas aos leitores que não se interessam pela disputa de forças entre Irã e Ocidente. De minha parte, acho essa uma das mais importantes questões internacionais do momento e, por isso, tenho abordado o assunto com bastante frequência. Além disso, acho sempre válido reafirmar as razões pelas quais há um grande esforço para frear as ambições nucleares da república islâmica.

O presidente Ahmadinejad já mencionou diversas vezes e numa variada gama de oportunidades - desde a visita à usina de Isfahan, em seu país, até o discurso na Assembleia Geral da ONU - ser a favor que um outro Estado-membro das Nações Unidas seja "varrido do mapa".

Há um grande concerto internacional para diminuir o arsenal nuclear no planeta. Mesmo potências militares como Estados Unidos e Rússia têm mantido conversações a respeito e se mostram dispostas a reduzir seus próprios arsenais. Como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear, ao construir usinas secretas e dificultar o trabalho dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Teerã estaria, no mínimo, caminhando para um retrocesso nas relações internacionais.

Na melhor das hipóteses, vejo como inocentes os discursos dos que se colocam favoráveis ao direito de o Irã produzir armamento nuclear. Acho equivocado o argumento muitas vezes usado de "democratizar" o acesso a armas atômicas. Num momento em que são discutidas em conjunto decisões imediatas sobre salvar o meio-ambiente, penso que são contraditórios possíveis esforços para permitir que novos países alcancem potencial nuclear.

Seja como for, se não fossem suficientes os argumentos para impedir que Khamenei-Ahmadinejad tenham sucesso em sua empreitada, acho válido levar em consideração o cenário elaborado por Graham Tillett Allison Jr., cientista político e professor da John F. Kennedy School of Government, de Harvard.

"É possível que, se o Irã obtiver sucesso, na próxima década ele não seja o único Estado com armas nucleares no Oriente Médio. A Arábia Saudita, por exemplo, não irá aceitar um futuro no qual os iranianos – seus rivais xiitas – tenham capacidade nuclear e os sauditas, não. Egito e Turquia podem também seguir os passos atômicos da república islâmica", escreve. Este é apenas um trecho de seu artigo que será publicado na edição de janeiro da revista Foreign Policy.

Ou seja, seria a perda de controle total sobre armamentos nucleares numa das mais explosivas e instáveis regiões do planeta. Acho que ninguém gostaria de ver este cenário se tornar real. Ou gostaria?
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