Confesso até que precisei fazer um esforço de memória e pesquisa para concluir: o G7 ainda existe. E o que isso importa atualmente? Nada ou muito pouco. Mesmo assim, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo se reúne neste final de semana com o objetivo de discutir parâmetros totalmente ultrapassados. Na verdade, o encontro pretende também garantir a estabilidade dos mercados de câmbio.
A verdade é que hoje qualquer fórum excluindo os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), África do Sul, México e Egito toma o caminho do fracasso. Ou melhor, de decisões que não alteram a realidade do sistema internacional. E este parece o rumo do G7, muito embora haja um esforço por parte de seus membros de reafirmar uma realidade que virou poeira.
Antes que o pessoal se esqueça - e não há nada de errado nisso -, o G7 é formado por EUA, Japão, França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Canadá. Sem a menor dúvida, haverá certa repercussão sobre o encontro, mas não acredito que passe disso. Nenhuma decisão tomada por esses países encontrará abrigo dos emergentes sem que eles sejam consultados.
Acho até que nem é esta a pretensão do G7, mas simplesmente reafirmar uma tradição que nos próximos anos se mostrará somente um hábito vazio sem maiores consequências. Curioso mesmo é o local escolhido para a reunião: a desconhecida cidade de Iqaluit, capital de Nunavut, território canadense pouco abaixo do Ártico. Ou seja, nem a imprensa vai poder cobrir o evento como deveria. E, mais importante do ponto de vista dos organizadores, seguramente não haverá manifestantes para atrapalhar.
Enquanto França, Alemanha, Itália e Reino Unido passarão frio em meio a nostalgias de poder, a vizinha Rússia começa a dar sinais de crise. Uma crise financeira profunda e que ameaçará os europeus am algum momento. Até porque Moscou costuma reagir com assertividade quando passa por maus bocados econômicos.
"A economia russa é refém do crescimento global. O orçamento estatal depende quase totalmente dos preços da energia. Agora que o preço do petróleo alcançou 80 dólares por barril, o Banco Central pode voltar a comprar moeda estrangeira. Com o crescimento das reservas de ouro e moeda estrangeira, há valorização do rublo. Mas o orçamento de 2010 ainda sofre de um défcit significativo por conta dos altos gastos governamentais", diz editorial do Moscow Times.
Ou seja, a situação é pendular e em breve a Rússia vai jogar com seus recursos energéticos como tem feito nos últimos anos. E os europeus serão os mais atingidos. Mas, por ora, nada parece abalar a certeza de seus líderes de que os problemas externos podem esperar. Em algum momento, no entanto, não será mais possível se esconder de decisões difíceis que a Europa precisará tomar em conjunto.
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