Há ainda pouca discussão na imprensa sobre um importante movimento estratégico internacional e que certamente provocará consequências: a ampliação do sistema de mísseis defensivos em países do Golfo Pérsico. Aos poucos, os Estados Unidos estão mudando a tática em relação ao programa nuclear iraniano e abandonando os esforços diplomáticos dando lugar à chamada diplomacia coercitiva.
É assim que Washington vai passar a se comportar nas sessões do Conselho de Segurança da ONU e a instalação do sistema defensivo nos territórios de seus aliados no Golfo é uma complementação da mudança de atitude por parte de Obama. O fato é que as decisões americanas são seguidas de respostas iranianas, como não poderia deixar de ser.
Vale lembrar que, ao ser questionado sobre as abordagens disponíveis para convencer Ahmadinejad a abandonar seus propósitos nucleares, Obama fez a célebre declaração de que "todas as opções estão sobre a mesa" em outubro do ano passado. Na época, houve muita especulação sobre a frase do presidente americano, até porque era uma forma de deixar claro que uma intervenção militar não poderia ser descartada.
Agora os Estados Unidos não dão início a qualquer operação de desmantelamento forçado das usinas iranianas. Mas armar os vizinhos da República Islâmica com mísseis patriot é uma mensagem clara o bastante sobre a mudança de tom.
E fica uma curiosidade de como o governo Khamenei-Ahmadinejad irá reagir a este movimento. Será a primeira vez desde o início das polêmicas discussões acerca das ambições nucleares iranianas que poderemos ver como o regime se comporta quando ameaçado.
Os "contemplados" pela iniciativa americana são Qatar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Bahrein. Em comum a todos esses Estados o fato de serem aliados dos EUA e parte do segundo escalão da geopolítica local. Cada um deles recebeu duas baterias de patriots - mesmo armamento de interceptação usado na primeira Guerra do Golfo.
O Irã já reagiu, através do porta-voz de seu parlamento, chamando os aliados árabes de fantoches da presença de Washington na região. É só o começo da guerra verbal - e, quem sabe, de algo pior - que vai se desenrolar nos próximos dias. Está claro, no entanto, que os EUA partiram para o ataque de seus opositores na Ásia.
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