Deu Netanyahu novamente. Ao contrário do que previam quase todos os institutos de pesquisa, o partido do primeiro-ministro obteve 30 cadeiras no Knesset, o parlamento israelense, e não enfrentará dificuldades para formar o novo governo. Há algumas conclusões a partir deste resultado. Ou melhor, há resultados distintos que emergem da disputa.
Jerusalém, maior cidade e capital de Israel, está, como se sabe, divorciada ideologicamente de Tel Aviv, a cidade mais liberal. Em Jerusalém, Bibi levou com tranquilidade. Em Tel Aviv, a esquerda venceu. Nada disso importa para o resultado final, mas mostra que a divisão da sociedade permanece.
Apesar da derrota, o bloco de esquerda União Sionista conseguiu 24 cadeiras no Knesset. Se o líder trabalhista, Isaac Herzog, mantiver a declaração desta manhã de que será oposição ao governo, a esquerda israelense pode passar por um processo de renovação, ampliando sua importância no cenário local. Talvez, inclusive, a esquerda se torne ainda mais importante diante de um Likud fortalecido.
Isso porque outro resultado dramático dessas eleições é a posição de Netanyahu de que não haverá Estado palestino em seu mandato. Penso que esta posição pode ter sido fruto do desespero diante das previsões dos institutos de pesquisa de vitória da esquerda. Bibi pode ter tentado apelar aos mais radicais e forçado a polarização máxima do eleitorado. Como estratégia para vencer, funcionou. Mas como manter a posição considerando que seu principal aliado, os EUA, tem como diretriz que a solução ao conflito entre israelenses e palestinos passa pela existência de dois estados soberanos que convivam em paz lado a lado?
Ou Netanyahu vai fingir que não fez esta declaração polêmica ou voltará atrás em conversas internas com o presidente Obama e líderes europeus. Se optar por seguir adiante, deixará Israel ainda mais isolado. E aí caberá à oposição de esquerda, a União Sionista, marcar território em nome da sobrevivência do país. Por isso que, apesar da derrota, este número expressivo de 24 cadeiras no parlamento é importante.
A vitória do Likud ainda deixa em suspenso o futuro das relações com os EUA. Antes das eleições, o primeiro-ministro israelense esticou a corda ao máximo. Resta saber como será sua postura a partir de agora. Resta saber também como será a reação real do presidente Obama (não o protocolar envio de felicitações ao vencedor), dos Democratas e Republicanos nos EUA. No próximo ano, a disputa eleitoral americana certamente incluirá no debate o relacionamento com Israel. Com Netanyahu primeiro-ministro, uma eventual vitória Democrata pode aumentar ainda mais a distância entre os dois países. O processo eleitoral americano também mostrará o resultado do desgaste entre as lideranças de Israel e EUA, respondendo a esses tempos de divergência e à principal questão envolvendo o assunto: a posição sobre Israel passou ou não a ser pauta de discussão partidária entre republicanos e democratas?
2 comentários:
hola henri muitas possibilidades se abrem agora com essa eleicao, as pessoas estao cansadas do bibi por aqui, mas gaza prova que as ideias da esquerda sao equivocadas, deram pros caras tudo e em troca so guerras, e tb o 1o ministro tem que ser um cara com postura, e nao esse florzinha desse herzog ( a tsipi livni tem mais postura que ele kkk),parabens pelo blog pedro antonio
Muito obrigado pelo comentário, Pedro. O Herzog parece ter perdido, entre outros fatores, pela falta de ousadia e postura. É preciso que a esquerda israelense consiga produzir lideranças mais assertivas, caso de fato queira em algum momento derrotar Bibi.
Um abraço,
Henry
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