Durante esta semana abordei a crise institucional no Iêmen e suas muitas possibilidades de consequências regionais. Na madrugada de hoje um novo acontecimento que adiciona ainda mais elementos ao já conturbado cenário – e movimenta de maneira contundente os atores estatais e não-estatais interessados no jogo político do Oriente Médio. Uma coalizão de países árabes invadiu o país para forçar o recuo ou capitulação da milícia xiita Houthi.
O eixo sunita é uma aliança entre Estados sunitas que muitas vezes discordam em diversos aspectos políticos e ideológicos, mas que se mantêm alinhados em função de divisões sectárias cada vez mais profundas no Oriente Médio. Já tratei deste tema muitas vezes por aqui em distintas circunstâncias. Agora, o eixo sunita se movimenta militarmente para atacar os houthis. Nesta guerra há alguns elementos confusos, principalmente porque a estratégia deste eixo sunita é atacar os houthis como forma de mandar um recado real ao Irã, o maior país xiita do mundo e entendido pelo eixo sunita como o principal interessado no sucesso dos houthis.
O desentendimento está exatamente neste ponto. Os houthis não negam o apoio recebido do Irã, mas os iranianos argumentam que o apoio à milícia xiita se resume a suporte humanitário e diplomático. O eixo sunita pulou o plano teórico e decidiu agir de maneira pesada. A coalizão é formada por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Qatar, Kuwait, Jordânia, Marrocos, Sudão e Egito. A ofensiva – chamada de Operação Tempestade Decisiva – conta com grande aparato bélico. Somente os sauditas enviaram neste primeiro estágio militar cem aviões de combate, 150 mil soldados e unidades da Marinha. Os EUA se pronunciaram e declararam apoio aos aliados sunitas.
Todo este quadro deixa em suspenso o projeto de acordo nuclear iraniano. De forma bastante explícita, americanos e iranianos estão se enfrentando por procuração no Iêmen.
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