O Iêmen talvez seja o lugar que melhor representa, de forma complexa e explícita, a grande batalha sectária do Oriente Médio. O pequeno país árabe (e o mais pobre deles) está envolvido num emaranhado de forças que se opõem. E, por isso, o enviado da ONU no país disse claramente que o Iêmen está a caminho da guerra civil.
Base do braço da al-Qaeda mais empenhado em ataques contra alvos americanos (a al-Qaeda da Península Arábica, AQAP, em inglês), o país serviu também como referência dos esforços de Washington para conter os avanços de seus inimigos mais contundentes até o último ano. A AQAP agora não é mais o único problema em território iemenita. Na última sexta-feira, suicidas islâmicos sunitas atacaram mesquitas xiitas, matando 137 pessoas na capital Sanaa. Assumido pelo Estado Islâmico – que, como a al-Qaeda, é um grupo terrorista sunita – a série de ataques teve como alvo os chamados houthis, membros de um movimento xiita formado em 2004 que reivindica maior autonomia para a parte norte do país.
Os houthis, por suas vez, são apoiados pelo principal Estado xiita do mundo, o Irã. Houthis, membros da al-Qaeda e do Estado Islâmico são inimigos entre si. Todos são inimigos dos EUA. A confusão é grande a ponto de americanos e britânicos terem optado por fechar suas representações e determinado a retirada de pessoal estabelecido no Iêmen. No meio disso tudo, o Estado nacional Iemenita está ameaçado. E a experiência tem mostrado que países falidos acabam por se transformar em território fértil para a proliferação do terrorismo fundamentalista. Isso aconteceu na Somália, está acontecendo tragicamente na Síria e deve acontecer no Iêmen. Por tudo isso, Riyadh Yaseen, ministro das Relações Exteriores do país, pediu intervenção militar dos países árabes, gesto que tem implicações geopolíticas mais amplas e que irei abordar ao longo da semana por aqui.
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