terça-feira, 10 de março de 2015

Senadores republicanos enviam carta ao Irã


Uma carta assinada por 47 senadores republicanos dos EUA e enviada aos líderes iranianos pode ser o início de uma longa controvérsia. Escrita por Tom Cotton, do Arkansas, o texto é uma espécie de aviso. O teor é simples: qualquer acordo que eventualmente venha a ser assinado com os EUA pode ser revertido pelo sucessor de Obama na presidência ou revisto pelo Congresso americano. A carta foi enviada ao Irã num momento especialmente delicado: março é o mês estabelecido como prazo final para um entendimento entre as potências ocidentais e Teerã acerca do programa nuclear da República Islâmica. A correspondência foi enviada também na semana seguinte ao pronunciamento do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, no Congresso. E uma semana antes das eleições israelenses. 

A ideia de enviar uma carta aos iranianos dá margem para análises e questionamentos das mais diversas formas. O primeiro ponto é simples: ao contrário do que Bibi fez questão de reforçar em Washington, o programa nuclear está aprofundado a divisão partidária nos EUA sobre as relações com Israel. Se até este momento o apoio a Israel não era um ponto de atrito entre republicanos e democratas, atitudes como a dos senadores republicanos podem fortalecer a polarização entre as duas forças políticas americanas. E aí o discurso de Bibi no Congresso em Washington poderia se transformar num gol contra histórico, sendo lembrado como o ponto de partida para a mudança nas relações entre EUA e Israel. Se a oposição israelense tiver tempo e capacidade de interpretar e repassar esta mensagem a seu público interno, a coalizão de Netanyahu pode até perder as eleições. Muito embora uma semana seja pouco tempo para debater as eventuais consequências do pronunciamento de Bibi que começam a se concretizar. 

Nos EUA, a situação é igualmente complicada. O vice-presidente Joe Biden já deu o tom da gravidade com que a Casa Branca está lidando com o assunto: “em 36 anos no Senado, não me recordo de outro caso em que senadores tenham escrito diretamente a outro país – muito menos um adversário externo de longa data – avisando que o presidente não tem autoridade constitucional para chegar a um entendimento com eles (os iranianos)”. Na prática, os republicanos estão tentando amarrar qualquer decisão internacional de Obama, podendo inclusive causar um problema institucional nos EUA. 


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