terça-feira, 1 de março de 2011

O medo de se posicionar sobre a invasão à Líbia

Há neste momento o início de um debate que aterroriza políticos, jornalistas e líderes ocidentais: a legitimidade ou não de uma intervenção militar na Líbia. O assunto é polêmico por natureza, mas a discussão se torna ainda mais apimentada pela memória recente da invasão americana ao Iraque. Se Saddam Hussein foi deposto, capturado e morto, o destino político daqueles que justificaram a empreitada militar pode não ter sido a forca – como no caso do ditador iraquiano –, mas uma mancha no currículo que pode atrapalhar gravemente pretensões políticas futuras.

foto: ajuda humanitária chega a Benghazi

A decisão de apoiar a intervenção na Líbia é um pouco diferente da grande epopeia de retórica e paixão que precedeu a invasão ao Iraque. Primeiro porque no centro disso tudo estava o internacionalmente detestado ex-presidente dos EUA. Segundo, porque havia a certeza de que o objetivo era a tomada do patrimônio petrolífero do pais. E terceiro, porque o momento político era completamente distinto: hoje, a população líbia quer a derrubada de Khadafi. Em 2003, havia oposição a Saddam, mas nem de longe multidões saíam às ruas de Bagdá exigindo sua renúncia – aliás, quem ousasse fazer este tipo de manifestação certamente pagaria com a própria vida.

No entanto, há uma semelhança perversa que pode ser o fiel da balança: a escalada da morte de civis. Como agora na Líbia, o Ocidente nada fez quando Saddam Hussein ordenou o ataque com gás sarin que matou cinco mil curdos, em 1988. Tal inaptidão de lidar com esta memória pode ser decisiva no momento atual. Além disso, outro aspecto importante gira em torno da indefinição quanto à receptividade dos manifestantes líbios à intervenção estrangeira. Este assunto é um grande enigma para todo mundo. Por mais que haja sinais contraditórios, a verdade é uma só: é impossível saber o que a população do país pensa sobre isso. Com a situação de violência cada vez mais generalizada, é impensável fazer qualquer levantamento sobre o assunto.

E aí voltamos ao primeiro parágrafo. Todos os que precisam ou querem opinar sobre o assunto estão com medo de se expor. Como ninguém sabe qual o pensamento vai prevalecer, há consenso quanto ao profundo temor de estar do lado errado da história. Ninguém quer arriscar biografias porque todo mundo já sabe o destino dos que ficaram marcados por apoiar a guerra no Iraque.

Vale citar que há argumentos dos mais perversos para justificar a passividade atual. Por exemplo, um colunista do Financial Times diz que o nível de violência ainda não é comparável ao de Ruanda, por isso forças internacionais não agiram. Ora, qual a diferença entre as mortes de mil e de 800 mil pessoas? Quer dizer, quem controla esta balança que determina o limite “tolerável” de assassinatos deliberados de civis? Isso me parece um tanto arrogante. É muito fácil dizer que mil mortes são toleráveis quando “mil” não passa de um número frio, sem rostos e identidades. Khadafi está disposto a usar todo seu arsenal em nome da permanência no cargo. Já era para isso estar claro.

Impedir que isto aconteça é um dever da comunidade internacional. Enquanto as potências ocidentais se afogam em dilemas, manifestantes continuam a ser mortos. Isso não quer dizer, no entanto, que considere inválido discutir as muitas possibilidades político-estratégicas que cercam a decisão de invadir a Líbia. Este é assunto para outro texto.

Um comentário:

Anônimo disse...

SE O MUNDO NÃO CONDENOU O MASSACRE DOS PALESTINOS EM 2006, COMETIDO PELOS BANDIDOS SIONISTAS CONTRA O POVO PALESTINO, QUE TEVE UM DESDOBRAMENTO TERÍVEL COM O MASSACRE DE MILHARES DE INOCENTES, COMO E COM QUE MORAL ONU, EUA E UE QUEREM INTERVIR NA LÍBIA? O INTERESSE É INVADIR COM A OTAN, FORÇAS MESCLADAS DE SIONISTAS E AMERICANOS, PARA GARANTIR O ROUBO AO PETRÓLEO LÍBI. É DE CONHECIMENTO QUE OS OPOSITORES SÃO FINANCIADOS PELA CIA. O IMPERIO SE DESMORONA... UMA INTERVENÇAO A GORA IRÁ FACILITAR A ENTRADA DE OUTROS NO TEATRO DE GUERRA. A OTAN MASSACROU A SÉRVIA. OS SIONISTAS OS PALESTINOS.... ALLAHU AKBAR. CHEGARÁ A VEZ DO IRÃ, SÍRIA, COREIA DO NORTE, ENTRAREM PARA VALER...