Em seu primeiro dia de trabalho, Obama mostrou serviço em questões consideradas fundamentais em seu projeto de mudar a maneira como os Estados Unidos se relacionam internacionalmente. Em poucas horas, baixou um decreto que suspende por 120 dias os julgamentos na polêmica prisão de Guantánamo e telefonou para líderes do Oriente Médio reafirmando o compromisso do governo americano com os esforços pela paz.
A medida para fechar a instalação penal em Cuba foi a mais importante e simbólica. Mais do que simplesmente acabar com uma pedra no sapato dos EUA frente à opinião pública, a ordem pretende romper com um dos principais ícones da doutrina de segurança de Bush. Obama já avisou que, em seu governo, os norte-americanos não usarão tortura sob qualquer circunstância.
Guantánamo é um dos pontos de controvérsia quando o assunto são os métodos de interrogatório usados pelos Estados Unidos. E a polêmica não se restringe ao governo, mas, pelo contrário, mostra uma profunda divisão de opiniões na sociedade americana.
Pesquisa realizada pelo jornal The Washington Post em conjunto com a rede de televisão ABC News aponta que a maioria dos norte-americanos se opõe à tortura. Em compensação, quando a amostra de entrevistados é dividida por preferência ou filiação eleitoral, é possível perceber uma espécie de racha filosófico contrapondo democratas e republicanos.
Entre os entrevistados que se dizem identificados com o Partido Democrata – ou mesmo filiados a ele –, 71% são contrários à tortura. No entanto, 55% dos republicanos dizem acreditar que há casos em que o método deve ser usado no interrogatório de suspeitos de atos terroristas.
A decisão de Obama mostra uma tremenda oposição ideológica entre democratas e republicanos acentuada desde os atentados de 11 de setembro de 2001.
Na prática
A curiosidade, entretanto, é que alguns dos presos na base americana em Cuba foram contrários à suspensão dos julgamentos. É o caso, por exemplo, de Khalid Sheikh Mohammed, um dos beneficiados diretamente pela medida e acusado de ser um dos mentores dos ataques terroristas de 2001. Como declarou seu advogado, ele se diz orgulhoso de sua participação nos atentados e afirma sua preferência de assumir o feito diante de um juiz norte-americano.
Além de bobagens como essa, Obama deve enfrentar algumas dificuldades para levar a cabo o fechamento de Guantánamo. É o que explica John Bellinger, em entrevista a BBC, que trabalhou como conselheiro legal da agora ex-secretária da Estado Condoleezza Rice.
Segundo ele, a maior parte dos 254 detentos é oriunda de países que não apresentam histórico relevante de respeito aos direitos humanos. Por isso, os Estados Unidos não estariam dispostos a “devolver” os presos. A alternativa seria transferi-los para prisões em países europeus – que até agora não manifestaram desejo de recebê-los.
Apesar disso, porém, Michele Cercone, porta-voz da Comissão Européia de Justiça e Assuntos Internos, disse que a instituição está “muito satisfeita que um dos primeiros atos do presidente Obama tenha sido virar a página do triste episódio de Guantánamo”.
Ao que parece, resolver este grande problema vai ser bem mais complexo do que simplesmente assinar um papel.
A medida para fechar a instalação penal em Cuba foi a mais importante e simbólica. Mais do que simplesmente acabar com uma pedra no sapato dos EUA frente à opinião pública, a ordem pretende romper com um dos principais ícones da doutrina de segurança de Bush. Obama já avisou que, em seu governo, os norte-americanos não usarão tortura sob qualquer circunstância.
Guantánamo é um dos pontos de controvérsia quando o assunto são os métodos de interrogatório usados pelos Estados Unidos. E a polêmica não se restringe ao governo, mas, pelo contrário, mostra uma profunda divisão de opiniões na sociedade americana.
Pesquisa realizada pelo jornal The Washington Post em conjunto com a rede de televisão ABC News aponta que a maioria dos norte-americanos se opõe à tortura. Em compensação, quando a amostra de entrevistados é dividida por preferência ou filiação eleitoral, é possível perceber uma espécie de racha filosófico contrapondo democratas e republicanos.
Entre os entrevistados que se dizem identificados com o Partido Democrata – ou mesmo filiados a ele –, 71% são contrários à tortura. No entanto, 55% dos republicanos dizem acreditar que há casos em que o método deve ser usado no interrogatório de suspeitos de atos terroristas.
A decisão de Obama mostra uma tremenda oposição ideológica entre democratas e republicanos acentuada desde os atentados de 11 de setembro de 2001.
Na prática
A curiosidade, entretanto, é que alguns dos presos na base americana em Cuba foram contrários à suspensão dos julgamentos. É o caso, por exemplo, de Khalid Sheikh Mohammed, um dos beneficiados diretamente pela medida e acusado de ser um dos mentores dos ataques terroristas de 2001. Como declarou seu advogado, ele se diz orgulhoso de sua participação nos atentados e afirma sua preferência de assumir o feito diante de um juiz norte-americano.
Além de bobagens como essa, Obama deve enfrentar algumas dificuldades para levar a cabo o fechamento de Guantánamo. É o que explica John Bellinger, em entrevista a BBC, que trabalhou como conselheiro legal da agora ex-secretária da Estado Condoleezza Rice.
Segundo ele, a maior parte dos 254 detentos é oriunda de países que não apresentam histórico relevante de respeito aos direitos humanos. Por isso, os Estados Unidos não estariam dispostos a “devolver” os presos. A alternativa seria transferi-los para prisões em países europeus – que até agora não manifestaram desejo de recebê-los.
Apesar disso, porém, Michele Cercone, porta-voz da Comissão Européia de Justiça e Assuntos Internos, disse que a instituição está “muito satisfeita que um dos primeiros atos do presidente Obama tenha sido virar a página do triste episódio de Guantánamo”.
Ao que parece, resolver este grande problema vai ser bem mais complexo do que simplesmente assinar um papel.
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