Existe outra guerra por trás da ofensiva israelense em Gaza: a competição que irá determinar qual o líder mundial tem o maior poder de articulação e, mesmo sem levar Israel e o Hamas à mesa de negociações, será capaz de costurar um cessar-fogo em bases minimamente satisfatórias a ambos os lados.
Se Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos prometendo mudança, até o momento ele manteve um silêncio que constrange seus partidários. Por isso, no campo das negociações – mesmo que até agora infrutíferas – o grande vencedor desta batalha é o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Se os líderes franceses cultivaram desconfiança por parte de Israel e da comunidade judaica nos últimos anos, Sarkozy aos poucos vence esta resistência. Em nenhuma ocasião, o presidente francês questionou a motivação israelense por trás dos ataques ao Hamas. Muito pelo contrário.
Em encontro nesta terça-feira com o presidente sírio, Bashar Assad, em Damasco, Sarkozy pediu maior participação internacional no conflito.
“A pressão deve ser exercida sobre todas as partes envolvidas – inclusive sobre o Hamas –, de maneira a silenciar as armas e promover a paz. Israel quer garantir sua segurança, e os palestinos em Gaza querem a reabertura das fronteiras”, disse.
A inteligência do presidente francês é admirável. Ao perceber que a crise no Oriente Médio era mesmo grave, ele abandonou as “férias” no Brasil e se apressou em tomar parte na tentativa de solucioná-la. O tour pelo Oriente Médio já incluiu encontros com líderes de Israel, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o egípcio, Hosni Mubarak, e, nesta terça, o sírio, Bashar Assad. A próxima escala é Beirute, no Líbano.
O momento não poderia ser melhor para a afirmação da relevância internacional francesa. O país usufrui de grande prestígio com o mundo árabe – acumulado graças a momentos-chave de oposição ao governo Bush, como a invasão ao Iraque – ao mesmo tempo em que Sarkozy se reaproxima de Israel. A França pode sair com o maior capital político deste conflito.
Principalmente por dois fatores: o silêncio de Obama e o desânimo da moribunda administração norte-americana. Bush sabe que não poderá resolver o conflito; enquanto Obama já declarou que “só há um presidente dos Estados Unidos”. Até o dia 20 de janeiro, portanto, o posto de articulador mais importante do mundo está vago. E Sarkozy está aproveitando com inteligência.
Atitudes de Obama
Não se sabe, no entanto, como será o comportamento do próximo presidente americano logo que tomar posse. Existem duas possibilidades: ele manter o atual apoio a Israel ou mudar um pouco o discurso, seguindo a tendência de pesquisas de opinião recentes.
O Instituto Rasmussen mostra que a população americana está dividida sobre a ofensiva israelense. Para 44% dos entrevistados, Israel agiu corretamente ao atacar o Hamas; 41% foram contra. Quando apenas eleitores democratas foram ouvidos, os números mostram um cenário diferente – 31% são favoráveis ao uso da força, enquanto 55% apóiam a solução diplomática.
O papel do Egito
As autoridades egípcias têm mantido diálogos secretos com líderes do Hamas na busca por um cessar-fogo. Segundo o jornal Haaretz, uma fonte do país confidenciou que o chefe da inteligência do Egito, Omar Suleiman, mandou um recado claro para os membros do grupo: caso não cooperem com a possível próxima trégua, os palestinos correm sérios riscos de perderem tudo o que conseguiram até hoje.
Se Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos prometendo mudança, até o momento ele manteve um silêncio que constrange seus partidários. Por isso, no campo das negociações – mesmo que até agora infrutíferas – o grande vencedor desta batalha é o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Se os líderes franceses cultivaram desconfiança por parte de Israel e da comunidade judaica nos últimos anos, Sarkozy aos poucos vence esta resistência. Em nenhuma ocasião, o presidente francês questionou a motivação israelense por trás dos ataques ao Hamas. Muito pelo contrário.
Em encontro nesta terça-feira com o presidente sírio, Bashar Assad, em Damasco, Sarkozy pediu maior participação internacional no conflito.
“A pressão deve ser exercida sobre todas as partes envolvidas – inclusive sobre o Hamas –, de maneira a silenciar as armas e promover a paz. Israel quer garantir sua segurança, e os palestinos em Gaza querem a reabertura das fronteiras”, disse.
A inteligência do presidente francês é admirável. Ao perceber que a crise no Oriente Médio era mesmo grave, ele abandonou as “férias” no Brasil e se apressou em tomar parte na tentativa de solucioná-la. O tour pelo Oriente Médio já incluiu encontros com líderes de Israel, o presidente palestino, Mahmoud Abbas, o egípcio, Hosni Mubarak, e, nesta terça, o sírio, Bashar Assad. A próxima escala é Beirute, no Líbano.
O momento não poderia ser melhor para a afirmação da relevância internacional francesa. O país usufrui de grande prestígio com o mundo árabe – acumulado graças a momentos-chave de oposição ao governo Bush, como a invasão ao Iraque – ao mesmo tempo em que Sarkozy se reaproxima de Israel. A França pode sair com o maior capital político deste conflito.
Principalmente por dois fatores: o silêncio de Obama e o desânimo da moribunda administração norte-americana. Bush sabe que não poderá resolver o conflito; enquanto Obama já declarou que “só há um presidente dos Estados Unidos”. Até o dia 20 de janeiro, portanto, o posto de articulador mais importante do mundo está vago. E Sarkozy está aproveitando com inteligência.
Atitudes de Obama
Não se sabe, no entanto, como será o comportamento do próximo presidente americano logo que tomar posse. Existem duas possibilidades: ele manter o atual apoio a Israel ou mudar um pouco o discurso, seguindo a tendência de pesquisas de opinião recentes.
O Instituto Rasmussen mostra que a população americana está dividida sobre a ofensiva israelense. Para 44% dos entrevistados, Israel agiu corretamente ao atacar o Hamas; 41% foram contra. Quando apenas eleitores democratas foram ouvidos, os números mostram um cenário diferente – 31% são favoráveis ao uso da força, enquanto 55% apóiam a solução diplomática.
O papel do Egito
As autoridades egípcias têm mantido diálogos secretos com líderes do Hamas na busca por um cessar-fogo. Segundo o jornal Haaretz, uma fonte do país confidenciou que o chefe da inteligência do Egito, Omar Suleiman, mandou um recado claro para os membros do grupo: caso não cooperem com a possível próxima trégua, os palestinos correm sérios riscos de perderem tudo o que conseguiram até hoje.
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