É preciso tempo para analisar e juntar as peças por trás do atentado que matou hoje o físico Massoud Ali Mohammadi. Uma série de acusações já estão sendo feitas, mas no intrincado cenário do Oriente Médio sempre existe a possibilidade de este crime jamais ser esclarecido. Mas não há dúvidas de que se trata de uma ação política. Afinal, não se pode em qualquer hipótese creditar às taxas de criminalidade normais iranianas a morte de um professor por conta da explosão de uma bomba presa a uma motocicleta pilotada por controle remoto.
Não é de se espantar que as agências de notícias oficiais iranianas tenham escolhido de cara Israel e Estados Unidos para culpar pelo ataque. Não apenas é óbvio, mas também um tanto conveniente. Como escrevi no texto de ontem, nada melhor para frear a onda de manifestações internas do que apontar dois dos principais inimigos públicos do país como os supostos autores do atentado.
Não que a hipótese de Israel e EUA estarem por trás do crime possa ser descartada totalmente. Não pode mesmo. Mas seria um tanto estranho. Por alguns motivos: primeiro porque, de acordo com as primeiras informações, Mohammadi não participava do programa nuclear iraniano. Segundo porque esses países dariam um tiro no próprio pé num momento que possivelmente antecede o anúncio de que a República Islâmica estaria disposta a aceitar o plano ocidental de trocar urânio enriquecido por combustível.
Ou seja, qual seria o sentido de tanta exposição numa das raras ocasiões em que tudo leva a crer que a situação nuclear pode ser controlada pelo menos por ora?
No mais, todas as informações a partir de agora serão usadas como propaganda. O governo iraniano já trata o físico como um mártir nuclear, muito embora sites de oposição ao regime Khamenei-Ahmadinejad listem Mohammadi como um dos 240 professores universitários partidários de Mir Hussein Moussavi, principal adversário do presidente iraniano nas últimas eleições.
Excluindo-se também a eventual participação do próprio regime – num momento de especulação como esse vale colocar todas as possibilidades sobre a mesa –, não se pode esquecer também dos Estados árabes sunitas, que, como escrevi outras tantas vezes, opõem-se ao crescimento político e militar iraniano na região. Muito embora considere que a lógica que desfavoreceria a participação de EUA e Israel no atentado de hoje se aplicaria também a esses países.
Resultado da promoção
Gostaria de agradecer a todos os participantes que enviaram respostas inteligentes e criativas. O vencedor foi Tiago Duarte, do Rio de Janeiro, autor da seguinte frase: "O fato mais importante do ano foi o surgimento do Brasil como forte protagonista internacional. Seja negociando de igual para igual com os países mais poderosos, tomando a dianteira na crise de Honduras ou até recebendo líderes das mais variadas ideologias e matizes o país deixa de ser apenas o país do futuro para se tornar uma potência mundial".
Em breve, o livro será enviado por correio a você, Tiago. Continuem a escrever também para o email cartaecronica@gmail.com .
Não é de se espantar que as agências de notícias oficiais iranianas tenham escolhido de cara Israel e Estados Unidos para culpar pelo ataque. Não apenas é óbvio, mas também um tanto conveniente. Como escrevi no texto de ontem, nada melhor para frear a onda de manifestações internas do que apontar dois dos principais inimigos públicos do país como os supostos autores do atentado.
Não que a hipótese de Israel e EUA estarem por trás do crime possa ser descartada totalmente. Não pode mesmo. Mas seria um tanto estranho. Por alguns motivos: primeiro porque, de acordo com as primeiras informações, Mohammadi não participava do programa nuclear iraniano. Segundo porque esses países dariam um tiro no próprio pé num momento que possivelmente antecede o anúncio de que a República Islâmica estaria disposta a aceitar o plano ocidental de trocar urânio enriquecido por combustível.
Ou seja, qual seria o sentido de tanta exposição numa das raras ocasiões em que tudo leva a crer que a situação nuclear pode ser controlada pelo menos por ora?
No mais, todas as informações a partir de agora serão usadas como propaganda. O governo iraniano já trata o físico como um mártir nuclear, muito embora sites de oposição ao regime Khamenei-Ahmadinejad listem Mohammadi como um dos 240 professores universitários partidários de Mir Hussein Moussavi, principal adversário do presidente iraniano nas últimas eleições.
Excluindo-se também a eventual participação do próprio regime – num momento de especulação como esse vale colocar todas as possibilidades sobre a mesa –, não se pode esquecer também dos Estados árabes sunitas, que, como escrevi outras tantas vezes, opõem-se ao crescimento político e militar iraniano na região. Muito embora considere que a lógica que desfavoreceria a participação de EUA e Israel no atentado de hoje se aplicaria também a esses países.
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Gostaria de agradecer a todos os participantes que enviaram respostas inteligentes e criativas. O vencedor foi Tiago Duarte, do Rio de Janeiro, autor da seguinte frase: "O fato mais importante do ano foi o surgimento do Brasil como forte protagonista internacional. Seja negociando de igual para igual com os países mais poderosos, tomando a dianteira na crise de Honduras ou até recebendo líderes das mais variadas ideologias e matizes o país deixa de ser apenas o país do futuro para se tornar uma potência mundial".
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