Para combater o crescimento da al-Qaeda no Iêmen, os EUA já anunciaram o repasse do dobro de verbas em relação a 2009: 140 milhões de dólares. Mas isso não vai adiantar, infelizmente. Ao que parece, não apenas os EUA, mas todos os países interessados em impedir a expansão do terrorismo aplicam os mesmos erros básicos de avaliação a alguns "aliados" que costumam causar problemas.
O Iraque era controlado por Saddam Hussein. Apesar de sanguinário e ditador, houve um tempo em que Washington se aliou ao controverso líder de forma a garantir os interesses americanos durante a Guerra Fria. Mais do que lugar-comum, o fato se tornou um mantra repetido inúmeras vezes depois de duas guerras entre Estados Unidos e Iraque.
Um dos principais aliados na região são os sauditas. Um dos regimes menos abertos do Oriente Médio, a Arábia Saudita é a terra natal de Osama bin Laden. Mais que isso, a aliança entre o rei Abdullah e os EUA é citado pelo próprio Osama bin Laden como o principal motivo que o teria levado a cometer os atentados de 11 de Setembro.
O Paquistão ocupa a terceira colocação na escala de Estados beneficiados pelo repasse de verba americana atrás apenas de Israel e Egito. Nos últimos oito anos, recebeu 10 bilhões de dólares. Como todo mundo já sabe, as forças de segurança locais, as ISI, são altamente corruptíveis e simpáticas à ideologia Talibã – grupo que, teoricamente, deveriam combater. De certa maneira, Washington financia indiretamente um de seus principais inimigos na Guerra do Terror.
E agora todo este volume de dinheiro será entregue ao presidente iemenita Ali Abdullah Salih, que se mantém no poder há 30 anos e cuja agência de segurança central, conhecida como PSO, costuma colaborar com a al-Qaeda. Em 2006, 23 jihadistas locais conseguiram escapar sem dificuldades de uma das principais prisões do país controlada justamente pelo órgão de segurança.
Ou seja, inundar o Iêmen de dólares tem tudo para dar errado.
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