Como parte de sua principal estratégia de reviver o que considera sua zona de influência, a Rússia aplicou mais um golpe em direção aos Estados vizinhos. Desta vez, ameaça acabar com o abastecimento de petróleo cru por conta de um suposto desentendimento com a Bielo-Rússia, importante aliada de Moscou.
Segundo a versão oficial, os dois países discordam da renovação do acordo que permite à Bielo-Rússia pagar apenas um terço do valor de exportação da matéria prima fornecida pela Rússia. O fato é que o litígio entre as partes pode levar à interrupção do fornecimento a importantes países
europeus, como Alemanha e Polônia.
A ameaça de Moscou acontece exatamente um ano após o Kremlin ter decidido suspender o abastecimento de outra importante matriz energética, o gás, para a Ucrânia. Não por acaso, os alvos das problemáticas financeiro-energéticas russas costumam ser seus desafetos políticos.
A Rússia ainda considera Ucrânia e Polônia como suas zonas de influência. Como ambos os países se mostram cada vez mais interessados em alianças com a Europa ocidental, Moscou usa as armas de que dispõe de forma a reafirmar uma postura de poder contraditória ao cenário internacional contemporâneo.
A Alemanha também sofre represálias por ser a economia mais importante do continente. Com a medida, os russos supõem que o gesto não ficaria restrito apenas a Estados de segunda categoria e que suas reivindicações estratégicas implícitas serão ouvidas pelos principais atores europeus.
A questão, no entanto, é que, como dinheiro falso, as ambições de reconhecimento russas não têm lastro. Há dez anos no poder, o primeiro-ministro Vladimir Putin julga que apenas o passado soviético é necessário para permitir que a Rússia dos dias de hoje usufrua do status de potência global, mesmo que os índices econômicos do país mostrem o contrário.
"Putin quer dar a entender que ser percebido como potência é mais importante do que realmente ser uma potência. Ele não precisa modernizar a Rússia de modo a competir com os Estados poderosos; Basta blefar o suficiente a ponto de fazer com que seu próprio povo acredite que o país está novamente entre as principais nações do planeta", escreve Nina Khrushcheva, do World Policy Institute, de Nova Iorque.
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