O Talibã promoveu hoje um amplo ataque a Cabul, a capital do Afeganistão. Muito além de causar mortes e multiplicar os danos às forças internacionais presentes no que se pretende ser um país, o objetivo do grupo é simbólico.
Antes de entrar no assunto, acho que vale uma ressalva. Se alguém duvidava das características terroristas do Talibã, penso que não restam quaisquer questionamentos. Os alvos foram em boa parte escolhidos levando em consideração a concentração de civis.
Os atentados já deixaram dezenas de feridos e o número de mortos, pelo menos até o momento em que escrevo, é de 11 pessoas. Seguramente, vai aumentar. O simbolismo dos atentados é claro. Além de um dos principais shoppings centers de Cabul, o palácio presidencial, o banco central, os ministérios das Finanças, Justiça, Minas e Indústrias, Defesa, o Hotel Serena - um dos principais da cidade -, a Afghan Telecom e a sala de cinema Pamir, a um quilômetro do epicentro dos ataques, foram atacados.
As explosões suicidas e os foguetes de artilharia talibã atingiram os prédios por volta das dez da manhã, mesmo horário em que o presidente Hamid Karzai recebia ministros que assumiriam seus cargos no governo.
Com a ofensiva de hoje, o Talibã reafirma sua instransigência a alguns dos valores que compõem as sociedades ocidentais. Organização do aparato burocrático do Estado, comunicações, cultura e turismo. Este é o ponto de conflito entre Talibã e as forças de ocupação. E também entre o fundamentalismo islâmico e o Ocidente. E por isso, em boa parte, que é quase nula a possibilidade de convivência pacífica entre os dois lados.
Nem o Ocidente abrirá mão desses valores, nem os fundamentalistas deixarão de promover sua jihad antagônica. De certa maneira, o simbolismo dos ataques realizados em Cabul é semelhante à série de ataques que originou a ocupação do Afeganistão. Em 11 de Setembro de 2001, a al-Qaeda escolheu alvos simbólicos em solo americano para demonstrar sua contraposição ao Ocidente no solo de seu mais poderoso representante. Hoje, o Talibã demonstra ímpeto de continuar desafiando os EUA.
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