Há uma certa sensação de calmaria no Oriente Médio. E, como os ciclos históricos têm demonstrado, períodos como este são sucedidos por tensões. E uma guerra se aproxima no horizonte. Por mais que um efrentamento entre Israel e Irã seja a possibilidade mais óbvia, esta semana pode marcar o início de uma escalada agressiva entre Síria e Israel.
O presidente israelense, Shimon Peres, declarou que o regime de Damasco tem fornecido mísseis Scud (foto) ao Hezbolah, no Líbano. E isso pode ser verdade. Relatórios de agências de segurança e inteligência ocidentais apontam que o governo de Bassar Assad produziu grande quatidade deste armamento desde o ano passado.
Como a aliança entre sírios, iranianos e o Hezbolah é inegável, a transferência desses mísseis para o Líbano é estratégica do ponto de vista de Damasco: manda um recado ameaçador aos israelenses sem comprometer oficialmente o governo da Síria. Afinal, a região não cansa de dar exemplos de jogo duplo internacional e a o regime Assad, ao mesmo tempo em que jura fideliade a Ahmadinejad, deve reabrir a embaixada americana - fechada, por decisão de Washington, desde o atentado terrorista que matou o ex-primeiro-ministro libanês Rafik Hariri, em 2005.
O alcance dos novos Scuds que o Hezbolah possui chega a 700 quilômetros de distância. Ou seja, suficiente para atingir qualquer ponto do território de Israel. Parece muito claro que o objetivo é se preparar para um eventual ataque ao Irã, justamente no momento em que as pressões sobre o programa nuclear iraniano chegam a seu estágio máximo. Todo mundo já está cansado de saber que, no caso de EUA ou Israel - ou ambos - bancar uma ofensiva, uma das primeiras respostas da república islâmica será ativar seus aliados na região. Ou seja, o território israelense seria atacado pelo Hezbolah, no norte, e pelo Hamas, no sul. Muito provavelmente através do lançamento de mísseis.
Em agosto do ano passado, o xeque Hassan Nasrallah, líder do Hezbolah, já havia declarado que era capaz de atingir qualquer cidade israelense. Ele disse possuir mais de 30 mil mísseis de diferentes alcances. Para completar a leitura da situação, a agência de notícias AFP informa que, nesta quinta-feira, diferentes facções políticas libanesas discutiram a integração do armamento do Hezbolah às forças regulares do país. Isso seria até um passo rumo a um grande acordo no Oriente Médio, desde que o governo libanês forçasse a milícia xiita a abrir mão de seus objetivos, como a destruição de Israel, por exemplo. Mas isso não vai acontecer.
A revista Foreign Policy oferece uma interpretação de como tudo isso pode terminar. Ou melhor, o que vai acontecer na região a partir do momento em que se torna clara a convergência de todos esses fatores.
"Se Israel decidir destruir as armas do Hezbolah, a iniciativa pode criar uma janela de tempo em que as cidades israelenses estarão sob uma ameaça mínima de ataques com mísseis. Seria a oportunidade perfeita para atacar o Irã sem o risco de sofrer retaliações dos aliados de Teerã no norte do país", afirma.
Eu realmente não duvido de que esta pode ser uma possibilidade real. E, se a estratégia militar israelense estiver pensando nisso, a ação não vai tardar a acontecer, uma vez que Ahmadinejad não se mostra disposto a dar um passo atrás em seu programa nuclear.
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