Nesta segunda-feira, o terrorismo escolheu o Paquistão para atacar. Desta vez, o alvo foi o consulado americano em Peshawar, na região norte do país. Mais cedo, porém, 43 pessoas foram mortas por outro atentado, também no Paquistão. O objetivo, no entanto, não era atingir qualquer símbolo da ocupação americana no vizinho Afeganistão, mas uma passeata do partido da etnia Pashtun. Nas duas últimas semanas, os ataques terroristas têm dado algumas lições ao Ocidente.
Pode soar estranho admitir que homens, mulheres e carros-bomba têm algo a ensinar. No sentido formal de aprendizado, não tem nada mesmo. Os eventos dessas semanas sangrentas servem para mostrar que o terrorismo procura justificativas para agir, mas seus argumentos são completamente evasivos. Qual o sentido de atacar civis numa passeata, por exemplo? Qual a explicação para assassinar pessoas no metrô?
Geralmente, este tipo de acontecimento acaba por ser posteriormente interpretado pelo Ocidente. A imprensa e os analistas vão atrás de explicações para entender a motivação daqueles que cometeram o ataque. A libertação disso e daquilo, a defesa desses e daqueles valores. Costumamos rotular com slogans até bonitos as intenções do terrorismo. Este é um pensamento ocidental ingênuo e admito seguir esta lógica muitas vezes. Precisamos de motivos que sejam capazes de fechar um ciclo lógico. O problema é que este ciclo não existe.
O local onde aconteceu a passeata de hoje no Paquistão fica muito perto de onde outro ataque foi cometido pelo Talibã neste começo de ano. Na ocasião, o alvo era a cerimônia de inauguração de uma escola para meninas.
As duas últimas semanas também servem para derrubar um dos maiores mitos do lugar-comum: a centralidade dos conflitos no Oriente Médio para a existência do terrorismo. A teoria de que o conflito árabe-israelense é maior perturbador da paz mundial é uma dessas verdades absolutas que são repetidas sem pudor. Sempre escrevi que esta questão é apenas uma justificativa para as ações terroristas.
O que tem ocorrido nos últimos 15 dias mostra que este é o caminho menos equivocado a ser seguido. Mesmo que se alcance a solução definitiva, ampla e justa entre israelenses, palestinos e os países árabes, sempre haverá novos motivos para cometer ataques suicidas. Pode ser a luta pela formação do grande Emirado do Cáucaso, pode ser a luta contra o apaziguamento da região norte do Paquistão. E pode ser também uma simples passeata de oposição ou a abertura de uma escola para meninas.
Cabe aos ocidentais o exercício de algumas vezes abrir mão da busca pela explicação desses atos. O terrorismo é simplesmente inaceitável. Nada pode justificar o proposital assassinato de civis para fins políticos, religiosos ou de qualquer natureza.
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