
Pode soar estranho admitir que homens, mulheres e carros-bomba têm algo a ensinar. No sentido formal de aprendizado, não tem nada mesmo. Os eventos dessas semanas sangrentas servem para mostrar que o terrorismo procura justificativas para agir, mas seus argumentos são completamente evasivos. Qual o sentido de atacar civis numa passeata, por exemplo? Qual a explicação para assassinar pessoas no metrô?
Geralmente, este tipo de acontecimento acaba por ser posteriormente interpretado pelo Ocidente. A imprensa e os analistas vão atrás de explicações para entender a motivação daqueles que cometeram o ataque. A libertação disso e daquilo, a defesa desses e daqueles valores. Costumamos rotular com slogans até bonitos as intenções do terrorismo. Este é um pensamento ocidental ingênuo e admito seguir esta lógica muitas vezes. Precisamos de motivos que sejam capazes de fechar um ciclo lógico. O problema é que este ciclo não existe.
O local onde aconteceu a passeata de hoje no Paquistão fica muito perto de onde outro ataque foi cometido pelo Talibã neste começo de ano. Na ocasião, o alvo era a cerimônia de inauguração de uma escola para meninas.
As duas últimas semanas também servem para derrubar um dos maiores mitos do lugar-comum: a centralidade dos conflitos no Oriente Médio para a existência do terrorismo. A teoria de que o conflito árabe-israelense é maior perturbador da paz mundial é uma dessas verdades absolutas que são repetidas sem pudor. Sempre escrevi que esta questão é apenas uma justificativa para as ações terroristas.
O que tem ocorrido nos últimos 15 dias mostra que este é o caminho menos equivocado a ser seguido. Mesmo que se alcance a solução definitiva, ampla e justa entre israelenses, palestinos e os países árabes, sempre haverá novos motivos para cometer ataques suicidas. Pode ser a luta pela formação do grande Emirado do Cáucaso, pode ser a luta contra o apaziguamento da região norte do Paquistão. E pode ser também uma simples passeata de oposição ou a abertura de uma escola para meninas.
Cabe aos ocidentais o exercício de algumas vezes abrir mão da busca pela explicação desses atos. O terrorismo é simplesmente inaceitável. Nada pode justificar o proposital assassinato de civis para fins políticos, religiosos ou de qualquer natureza.
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