Muito pouco continua a ser dito sobre a tragédia no Sudão. Para ser sincero, ainda não encontrei repercussão da reeleição de Omar al-Bashir na imprensa brasileira. Ao mesmo tempo em que o mundo continua a mostrar descaso, a Cruz Vermelha Internacional divulga hoje relatório mostrando que o país já representa a maior tragédia humana mundial: segundo a organização, já são 4,9 milhões de refugiados desde 2003. Curiosamente, o segundo lugar é ocupado pela Colômbia, por conta da guerra entre traficantes, grupos paramilitares e tropas do governo.
Enquanto o caos no Sudão é contado na casa dos milhões, a missão formada por soldados das forças de paz das Nações Unidas e de países africanos evidencia com clareza como ninguém está nem aí mesmo: apenas 16.852 militares e 4.675 carregam a responsabilidade de evitar ainda maior número de mortes. E, vale lembrar, eles estão alocados no maior país da África em área e com 41 milhões de habitantes (o 29º mais populoso). Basta fazer uma conta simples para perceber que o contingente é bastante insuficiente.
A boa notícia é que a organização Human Rights Watch (HRW) já informou que a reeleição de Bashir não conseguirá livrá-lo das acusações no Tribunal Penal Internacional (TPI). Acho até que legalmente funcione assim, mas tenho dúvidas se, na prática, o presidente do Sudão não será capaz de barganhar politicamente. Principalmente com os países africanos.
Aliás, esta é uma carta muito poderosa que ele tem na manga. Existe uma clara possibilidade de o país se dividir em dois: o Sudão do Norte e o do Sul. Isso será inclusive tema de um referendo marcado para o ano que vem. Mas a União Africana é contrária a esta decisão por conta da provável confusão que a aplicação desta medida causaria.
Do ponto de vista político, a existência de dois países resolve pouco; se Bashir é corrupto e ditador, o Movimento de Libertação do Povo do Sudão, que representa os interesses separatistas da porção sul do país, não fica atrás. Também costuma aplicar punições aos dissidentes e silenciar os opositores.
Para completar, sempre existe a possibilidade de um conflito entre os dois lados, uma vez que os campos de petróleo mais produtivos estão localizados justamente no sul. Ou haverá um acordo entre eles para dividir os lucros da exportação ou Bashir não aceitará a divisão e usará a máquina do Estado para lutar pela "união nacional". Acho esta hipótese a mais provável.
Enquanto o caos no Sudão é contado na casa dos milhões, a missão formada por soldados das forças de paz das Nações Unidas e de países africanos evidencia com clareza como ninguém está nem aí mesmo: apenas 16.852 militares e 4.675 carregam a responsabilidade de evitar ainda maior número de mortes. E, vale lembrar, eles estão alocados no maior país da África em área e com 41 milhões de habitantes (o 29º mais populoso). Basta fazer uma conta simples para perceber que o contingente é bastante insuficiente.
A boa notícia é que a organização Human Rights Watch (HRW) já informou que a reeleição de Bashir não conseguirá livrá-lo das acusações no Tribunal Penal Internacional (TPI). Acho até que legalmente funcione assim, mas tenho dúvidas se, na prática, o presidente do Sudão não será capaz de barganhar politicamente. Principalmente com os países africanos.
Aliás, esta é uma carta muito poderosa que ele tem na manga. Existe uma clara possibilidade de o país se dividir em dois: o Sudão do Norte e o do Sul. Isso será inclusive tema de um referendo marcado para o ano que vem. Mas a União Africana é contrária a esta decisão por conta da provável confusão que a aplicação desta medida causaria.
Do ponto de vista político, a existência de dois países resolve pouco; se Bashir é corrupto e ditador, o Movimento de Libertação do Povo do Sudão, que representa os interesses separatistas da porção sul do país, não fica atrás. Também costuma aplicar punições aos dissidentes e silenciar os opositores.
Para completar, sempre existe a possibilidade de um conflito entre os dois lados, uma vez que os campos de petróleo mais produtivos estão localizados justamente no sul. Ou haverá um acordo entre eles para dividir os lucros da exportação ou Bashir não aceitará a divisão e usará a máquina do Estado para lutar pela "união nacional". Acho esta hipótese a mais provável.
2 comentários:
Parabéns por este espaço...
Escolhi como BLOG da semana no História Viva, se desejar retire o selo no endereço http://historianovest.blogspot.com/2010/04/blogs-da-semana.html
abraços
Muito obrigado, Eduardo. Fico realmente feliz que tenha gostado do blog. Ele já existe há dois anos e me empenho bastante para fazer algo produtivo, reflexivo e de qualidade.
Grande abraço
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