O presidente americano, Barack Obama, anuncia uma mudança fundamental em sua política nuclear: a partir de agora, os EUA se comprometem a não usar seu arsenal atômico contra países que estejam em conformidade com o Tratado de Não Proliferação de armas nucleares. Este é mais um passo da grande estratégia americana para fechar o cerco principalmente ao Irã.
A medida pode ser interpretada pela República Islâmica como um recuo de Washington. Mas uma cláusula, no entanto, mostra que o governo Obama ainda pretende manter o compromisso com seus parceiros históricos; no caso de um ataque nuclear contra os norte-americanos ou qualquer um de seus aliados, os EUA poderão responder como bem entenderem. Ou seja, neste caso, as armas atômicas ainda estarão à disposição.
Não tenho a menor dúvida, no entanto, que a decisão de Obama vai sofrer grandes críticas do Partido Republicano. Principalmente depois de um início de ano desastroso da diplomacia americana no Oriente Médio.
Fica claro, entretanto, que a Casa Branca enxerga a medida como fundamental para deixar ainda mais nítida sua estratégia internacional, já que ela consegue atingir dois grandes objetivos de uma só vez: valoriza as instituições multilaterais - no caso a Agência Internacional de Energia Atômica - mas sem abrir mão da firmeza no trato principalmente com Irã e Coreia do Norte.
Há outro aspecto interessante: alcança um objetivo de campanha e pessoal da carreira política de Obama, já que maximiza ainda mais a percepção de que o atual ocupante da Casa Branca é bem diferente do seu antecessor. A nova diretriz nuclear é comunicada uma semana após o acordo de redução de armas atômicas com a Rússia e uma semana antes do grande encontro sobre este tipo de armamento em Washington.
Na ocasião, Obama irá se reunir com 47 chefes de Estado para debater justamente a segurança nuclear global. Mais uma vez, o líder americano chama para si uma questão de inegável interesse internacional e contribui para a confirmação do mito surgido em torno de sua figura durante a campanha presidencial. Para completar a sensação de vivência da história, esta vai ser a maior reunião promovida por um presidente dos EUA desde a fundação da ONU, há 65 anos.
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