
Em primeiro lugar, causou espanto o resultado obtido pelo partido de extrema-direita Democratas da Suécia por ele ter conseguido 20 cadeiras no parlamento de uma só vez. Isso representa somente 4% dos assentos, mas é um crescimento digno de nota quando se leva em consideração que o partido não tinha conseguido emplacar até agora qualquer representante. No entanto, é importante dizer que a situação será controlada por ora na medida em que o primeiro-ministro social democrata, Fredrik Reinfeldt, deve conseguir apresentar um novo governo no dia 4 de outubro.
Já no quadro político europeu mais amplo, a tendência de crescimento da extrema-direita é bastante preocupante. O Democratas da Suécia é o prolongamento das muitas variáveis continentais cujo discurso é baseado na busca por bodes expiatórios para as crises econômicas e identitárias: a Frente Nacional da França, o Vlaams Belang na Bélgica, a Liga Norte italiana, o Partido da Liberdade holandês e os similares em Dinamarca e Hungria. Todos têm em comum o forte apelo nacionalista e a identificação dos imigrantes – com mais força os muçulmanos – como os grandes culpados pelos problemas nacionais. Isso sem falar na expulsão recente dos ciganos promovida pelo presidente Nicolas Sarkozy.
Este fenômeno se deve à conjunção de alguns fatores: o fracasso dos partidos de esquerda e centro-esquerda em apresentar soluções novas, a fragilidade das comunidades de imigrantes, e a busca pelo retorno a um antigo modelo de identidade nacional diante do novo mundo que se apresenta. A grande contradição na opção pelo voto na extrema-direita é que ela não contribui com qualquer novidade, mas simplesmente rejeita a realidade que está posta. Na prática, os extremistas apenas repaginam velhas ideias preconceituosas com os novos culpados à disposição.
Antes de encerrar, acho válido citar a situação desastrosa que ronda a Alemanha, principal economia do continente e, ao lado de França e Grã-Bretanha, maior força política da União Europeia. Com o governo da chanceler Angela Merkel em franca decadência, pesquisa realizada pelo Instituto Emind identificou um "nicho de mercado" perigoso: 20% dos eleitores estão ansiosos para votar na direita. Recentemente, o político de Berlim René Stadtkewitz fundou o partido "Liberdade", que segue o modelo do homônimo neo-fascista já atuante na Holanda.
Ainda é importante relembrar o episódio envolvendo Thilo Sarrazin (foto), ex-diretor do Banco Central da Alemanha demitido por suas declarações sobre muçulmanos e judeus (ele disse acreditar que os imigrantes muçulmanos enfrentam dificuldades para entrar no mercado de trabalho devido à falta de disciplina e inteligência e chega a sugerir que tais características seriam genéticas; sobre os judeus, defendeu que o grupo compartilha um gene comum que torna seus membros diferentes das demais pessoas). Já desempregado, lançou o livro "A Alemanha se Desintegra" onde expõe todas as suas ideias.
Ao contrário do que poderia se imaginar, a obra se tornou best-seller; já vendeu 600 mil cópias em menos de um mês. Nova pesquisa, desta vez realizada pelo Instituto Forsa, mostra que 18% dos alemães votariam num novo partido de direita com princípios anti-imigratórios cujo líder fosse justamente Thilo Sarrazin. É essa a nova onda da velha Europa. Mais uma vez.
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