As recentes declarações de Fidel Castro repercutiram em todo mundo. E não era para menos mesmo. Doente desde 2006, ele decidiu fazer não apenas uma aparição, mas uma verdadeira catarse pública. Muito mais do que simplesmente rever posições, Fidel parece querer mudar a opinião de seus críticos, esclarecer o que pensa, expor convicções pessoais que superam o mito construído em torno de si.
Acho que não apenas o conteúdo da entrevista concedida é interessante. O episódio envolvendo o convite ao jornalista Jeffrey Goldberg, da revista americana Atlantic, também serve para mostrar a relação entre imprensa e política. Para quem não se lembra, Goldberg é o autor da reportagem sobre um possível ataque israelense ao Irã. Escrevi um post sobre o assunto, em 18 de agosto. Para quem quiser relembrar o caso, clique aqui.
Fidel leu a matéria que causou enorme polêmica nos Estados Unidos. Como se interessa pelo Oriente Médio, mandou convidar – através de Jorge Bolaños, encarregado da missão cubana em Washington – o repórter para uma exclusivíssima viagem a Cuba.
Acho que não apenas o conteúdo da entrevista concedida é interessante. O episódio envolvendo o convite ao jornalista Jeffrey Goldberg, da revista americana Atlantic, também serve para mostrar a relação entre imprensa e política. Para quem não se lembra, Goldberg é o autor da reportagem sobre um possível ataque israelense ao Irã. Escrevi um post sobre o assunto, em 18 de agosto. Para quem quiser relembrar o caso, clique aqui.
Fidel leu a matéria que causou enorme polêmica nos Estados Unidos. Como se interessa pelo Oriente Médio, mandou convidar – através de Jorge Bolaños, encarregado da missão cubana em Washington – o repórter para uma exclusivíssima viagem a Cuba.
“Tenho uma mensagem de Fidel para você. Ele leu seu artigo sobre o Irã e Israel. Ele lhe convida para estar em Havana no domingo de forma a discutirem sua matéria”, disse.
Um ponto importante neste imbróglio é notar a simbiose entre política e imprensa. As declarações de Fidel sobre o Oriente Médio, antissemitismo e o futuro de Cuba podem influenciar decisões políticas relevantes. Mas, se eventualmente ocorrerem, só existirão por conta do artigo de Golberg publicado em meados de agosto passado. Aliás, já considero as matérias do jornalista como as mais importantes do ano.
Nesta nova série de reportagens, Fidel faz autocríticas em relação ao posicionamento de Cuba durante a Crise dos Mísseis, de 1962, seu pedido para os soviéticos bombardearem os EUA e mesmo sobre o futuro do regime na ilha. Também critica a constante negação do Holocausto pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Este último aspecto, no entanto, não leva a crer que Cuba passará a apoiar Israel, por exemplo. Pelo contrário. Acredito que Fidel pretende deixar claro que pode ser um ator legítimo no Oriente Médio uma vez que não é movido por um ódio insano contra os judeus. Da mesma maneira, ao criticar os propósitos nucleares de todos os envolvidos, tenta se colocar numa posição de imparcialidade e equilíbrio.
“O governo iraniano deve entender que os judeus foram expulsos de sua pátria, perseguidos e maltratados em todo o mundo como aqueles que mataram Deus. Em minha opinião, isso é o que aconteceu a eles: seleção reversa. O que é isso? Por mais de dois mil anos, foram submetidos a terríveis perseguições e pogroms (violência e execuções de incêndios criminosos contra as vilas judaicas que existiam na Europa central e oriental entre o final do século 19 e o início do 20). Muita gente poderia crer que isso os levaria ao desaparecimento; penso que sua cultura e religião os manteve unidos como uma nação”, disse.
Este tipo de leitura racional da história pretende mudar a imagem de Fidel. Não por acaso, discorre sobre um tema muito caro ao governo dos EUA capaz de repercutir em todo o mundo. O conflito do Oriente Médio permanece como o palco de ação mais disputado pelas lideranças mundiais que buscam relevância internacional. Não é diferente com o ex-presidente cubano, como explica Julia Zweig, especialista em América Latina que viajou junto com Goldberg a Havana.
“Assuntos de guerra, paz e segurança internacional são seu foco central. Proliferação nuclear, mudanças climáticas são as questões mais importantes para ele, que está apenas começando a usar plataformas potenciais de mídia para comunicar sua visão. Ele tem um tempo disponível agora que não esperava ter. Por isso, está revisando a grande história e sua própria história”, diz.
Nesta nova série de reportagens, Fidel faz autocríticas em relação ao posicionamento de Cuba durante a Crise dos Mísseis, de 1962, seu pedido para os soviéticos bombardearem os EUA e mesmo sobre o futuro do regime na ilha. Também critica a constante negação do Holocausto pelo presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.
Este último aspecto, no entanto, não leva a crer que Cuba passará a apoiar Israel, por exemplo. Pelo contrário. Acredito que Fidel pretende deixar claro que pode ser um ator legítimo no Oriente Médio uma vez que não é movido por um ódio insano contra os judeus. Da mesma maneira, ao criticar os propósitos nucleares de todos os envolvidos, tenta se colocar numa posição de imparcialidade e equilíbrio.
“O governo iraniano deve entender que os judeus foram expulsos de sua pátria, perseguidos e maltratados em todo o mundo como aqueles que mataram Deus. Em minha opinião, isso é o que aconteceu a eles: seleção reversa. O que é isso? Por mais de dois mil anos, foram submetidos a terríveis perseguições e pogroms (violência e execuções de incêndios criminosos contra as vilas judaicas que existiam na Europa central e oriental entre o final do século 19 e o início do 20). Muita gente poderia crer que isso os levaria ao desaparecimento; penso que sua cultura e religião os manteve unidos como uma nação”, disse.
Este tipo de leitura racional da história pretende mudar a imagem de Fidel. Não por acaso, discorre sobre um tema muito caro ao governo dos EUA capaz de repercutir em todo o mundo. O conflito do Oriente Médio permanece como o palco de ação mais disputado pelas lideranças mundiais que buscam relevância internacional. Não é diferente com o ex-presidente cubano, como explica Julia Zweig, especialista em América Latina que viajou junto com Goldberg a Havana.
“Assuntos de guerra, paz e segurança internacional são seu foco central. Proliferação nuclear, mudanças climáticas são as questões mais importantes para ele, que está apenas começando a usar plataformas potenciais de mídia para comunicar sua visão. Ele tem um tempo disponível agora que não esperava ter. Por isso, está revisando a grande história e sua própria história”, diz.
Vale a pena ler as reportagens e conhecer este perfil inusitado de um dos últimos mitos políticos vivos do século 20. Leia aqui.
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