Rapidamente, acho que ainda há espaço para discutir um dos temas mais interessantes abordados no texto desta segunda-feira: as expectativas brasileiras em relação à ONU. Há algumas armadilhas prontas para derrubar as aspirações do Itamaraty a uma vaga permanente no Conselho de Segurança. A maior delas, sem a menor dúvida, é o processo em curso de decidir as questões relevantes políticas e militares à margem das Nações Unidas.
Este é um caminho que vem sendo seguido desde o início deste século. O ponto alto foi a decisão americana de invadir o Iraque, em 2003, apesar das considerações contrárias dos demais países-membros. Atualmente, como pontuei no texto de ontem, mesmo a ONU procura se escorar em outras áreas para justificar sua relevância. No entanto, tenho notado que o discurso de superação da organização como fórum de debates tem sido repetido bastante. Vale examinar um artigo publicado pela Bloomberg que analisa a Assembleia Geral em curso:
"O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente brasileiro, Lula – cujos países têm assento no Conselho de Segurança –, não estarão em Nova Iorque. São os casos também do presidente russo, Dmitri Medvedev, e do primeiro-ministro Vladimir Putin; o presidente chinês, Hu Jintao, estará de fora, deixando a responsabilidade para o premier Wen Jiabao", diz o texto.
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que Lula não estará presente porque optou por ficar no Brasil e fazer campanha para Dilma. Quando o veículo americano cita parte das lideranças mundiais como negligentes ao encontro, a Bloomberg já acena com o palco que possivelmente substituiria as Nações Unidas: o G-20. Seguramente, a reunião das maiores economias do planeta é importante, mas, sem a menor dúvida, não é representativa. Até porque não atenderia aos temas em discussão de agora: alternativas para salvar as populações mais necessitadas. Não é preciso dizer que os mais pobres não vivem nos países que compõem o G-20.
Especificamente para o Brasil a tentativa de mudar o palco de discussões não é nem um pouco interessante. O Itamaraty já deixou bem claro que pretende modificar a estrutura do Conselho de Segurança da ONU – a mesma desde sua fundação, em 1945 –, não simplesmente acabar com ele. É exatamente isso que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, irá defender no discurso que fará nesta quinta-feira diante da Assembleia Geral.
E este é um momento fundamental para o sonho brasileiro de se tornar um ator internacional ainda mais relevante – e com o aval de uma posição permanente no Conselho de Segurança. O Brasil participa desta semana de encontros em Nova Iorque podendo exibir o trabalho feito em casa que levou o país a atingir a maior parte das Metas do Milênio estabelecidas no ano 2000.
E Brasília aguarda com ansiedade o próximo ano. Em 2011, o cenário nas Nações Unidas será o melhor possível para o exercício de poder internacional brasileiro. Além de o Conselho contar com China e Rússia como membros permanentes, dentre os rotativos a Índia concorre a uma vaga (o que colocaria todos os países do BRIC no palco das decisões mundiais), assim como a África do Sul – aliada recente das posições brasileiras.
Não custa lembrar que a Turquia também permanecerá como ocupante de um assento. Por tudo isso, acabar com o prestígio da ONU justamente na hora em que o Brasil pretende comer o bolo seria a situação mais frustrante para a diplomacia do governo atual.
Este é um caminho que vem sendo seguido desde o início deste século. O ponto alto foi a decisão americana de invadir o Iraque, em 2003, apesar das considerações contrárias dos demais países-membros. Atualmente, como pontuei no texto de ontem, mesmo a ONU procura se escorar em outras áreas para justificar sua relevância. No entanto, tenho notado que o discurso de superação da organização como fórum de debates tem sido repetido bastante. Vale examinar um artigo publicado pela Bloomberg que analisa a Assembleia Geral em curso:
"O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente brasileiro, Lula – cujos países têm assento no Conselho de Segurança –, não estarão em Nova Iorque. São os casos também do presidente russo, Dmitri Medvedev, e do primeiro-ministro Vladimir Putin; o presidente chinês, Hu Jintao, estará de fora, deixando a responsabilidade para o premier Wen Jiabao", diz o texto.
Em primeiro lugar, é importante esclarecer que Lula não estará presente porque optou por ficar no Brasil e fazer campanha para Dilma. Quando o veículo americano cita parte das lideranças mundiais como negligentes ao encontro, a Bloomberg já acena com o palco que possivelmente substituiria as Nações Unidas: o G-20. Seguramente, a reunião das maiores economias do planeta é importante, mas, sem a menor dúvida, não é representativa. Até porque não atenderia aos temas em discussão de agora: alternativas para salvar as populações mais necessitadas. Não é preciso dizer que os mais pobres não vivem nos países que compõem o G-20.
Especificamente para o Brasil a tentativa de mudar o palco de discussões não é nem um pouco interessante. O Itamaraty já deixou bem claro que pretende modificar a estrutura do Conselho de Segurança da ONU – a mesma desde sua fundação, em 1945 –, não simplesmente acabar com ele. É exatamente isso que o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, irá defender no discurso que fará nesta quinta-feira diante da Assembleia Geral.
E este é um momento fundamental para o sonho brasileiro de se tornar um ator internacional ainda mais relevante – e com o aval de uma posição permanente no Conselho de Segurança. O Brasil participa desta semana de encontros em Nova Iorque podendo exibir o trabalho feito em casa que levou o país a atingir a maior parte das Metas do Milênio estabelecidas no ano 2000.
E Brasília aguarda com ansiedade o próximo ano. Em 2011, o cenário nas Nações Unidas será o melhor possível para o exercício de poder internacional brasileiro. Além de o Conselho contar com China e Rússia como membros permanentes, dentre os rotativos a Índia concorre a uma vaga (o que colocaria todos os países do BRIC no palco das decisões mundiais), assim como a África do Sul – aliada recente das posições brasileiras.
Não custa lembrar que a Turquia também permanecerá como ocupante de um assento. Por tudo isso, acabar com o prestígio da ONU justamente na hora em que o Brasil pretende comer o bolo seria a situação mais frustrante para a diplomacia do governo atual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário