O blog não poderia deixar essa importante data passar em branco. Mesmo não citando o fato no dia exato da efeméride, nunca é tarde para lembrar que no último dia 14, terça-feira, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) completou 50 anos de existência. Fundada inicialmente por Irã, Iraque, Kuwait, Arábia Saudita e Venezuela, o maior cartel do mundo conta hoje com 12 felizes membros.
Juntos, esses países estão sentados sobre 78% das reservas de óleo cru do planeta. O objetivo da organização continua o mesmo de meio século atrás: controlar o preço da mais importante matéria-prima do mundo e, com isso, influenciar as decisões políticas internacionais. Isso já foi feito em 1973, quando os Estados árabes do grupo impuseram um embargo de cinco meses na produção para impedir que o Ocidente apoiasse Israel durante a Guerra do Yom Kipur. Acho válido recordar este fato porque ele foi, até agora, a demonstração mais explícita das posições adotadas em conjunto.
No entanto, penso que uma atitude semelhante seria improvável nos dias de hoje. Simplesmente porque a situação geopolítica mudou e, por exemplo, a Arábia Saudita – maior exportador de óleo cru do planeta – se opõe aos projetos internacionais do Irã – que ocupa a segunda colocação no ranking das maiores reservas. De qualquer maneira, não se pode subestimar o poder da OPEP.
O que acho muito curioso é que sobram teorias conspiratórias sobre grupos secretos que manipulariam a mídia e as finanças (deixo claro que considero todas essas ideias simplistas demais e, geralmente, alardeadas por pessoas que exercitam muito pouco qualquer capacidade analítica). No entanto, nunca ouvi oposições à organização que declaradamente foi criada para controlar o petróleo. Acredito que, por defender abertamente tal intenção, a OPEP simplesmente não é fascinante o bastante para quem adora enxergar planos secretos em toda a parte.
T. Boone Pickens, fundador e presidente do fundo de investimento do capital da BP – para não deixar dúvidas, BP se refere a Boone Pickens, não British Petroleum – é um entusiasta da introdução da energia limpa nos Estados Unidos. É dele um artigo interessante que revela dados perturbadores: em 1957, três anos antes da fundação da OPEP, o preço do barril era de 3 dólares. Seguindo a proporção da inflação nos EUA, o valor hoje deveria ser de 23 dólares. No entanto, o cartel aniversariante estabeleceu a média de 80 dólares por barril.
Em artigo publicado no Wall Street Journal, James Woosley, ex-diretor da CIA, faz um cálculo ainda mais alarmante para mostrar como os 12 países do grupo são beneficiados pela especulação petrolífera que eles mesmos coordenam:
"Se o preço do barril de petróleo atingir novamente o valor de 125 dólares – como já aconteceu em 2008 –, então cerca de metade da riqueza do planeta seria controlada pelos membros da OPEP", diz.
Por conta de tudo isso e também das preocupações ambientais, a tendência é buscar novas fontes de energia. A opção preferida pelos EUA – o maior mercado do mundo – é o etanol. E adivinhem só quem é o maior produtor mundial? Se pensou Brasil, acertou.
Quando os americanos passarem a adaptar seus veículos para que eles se tornem flex – e o custo de tal operação é de apenas 70 dólares –, o Brasil terá de estar preparado para aproveitar esta enorme oportunidade. Tal evento promete bombear ainda mais polêmica às atuais disputas entre brasileiros e americanos na Organização Mundial de Comércio (OMC), mas também obrigará o futuro ocupante do Palácio do Planalto a rever suas opções de alianças internacionais. Afinal de contas, uma chance como esta pode mudar também o futuro do Brasil e não deve ser desperdiçada.
Juntos, esses países estão sentados sobre 78% das reservas de óleo cru do planeta. O objetivo da organização continua o mesmo de meio século atrás: controlar o preço da mais importante matéria-prima do mundo e, com isso, influenciar as decisões políticas internacionais. Isso já foi feito em 1973, quando os Estados árabes do grupo impuseram um embargo de cinco meses na produção para impedir que o Ocidente apoiasse Israel durante a Guerra do Yom Kipur. Acho válido recordar este fato porque ele foi, até agora, a demonstração mais explícita das posições adotadas em conjunto.
No entanto, penso que uma atitude semelhante seria improvável nos dias de hoje. Simplesmente porque a situação geopolítica mudou e, por exemplo, a Arábia Saudita – maior exportador de óleo cru do planeta – se opõe aos projetos internacionais do Irã – que ocupa a segunda colocação no ranking das maiores reservas. De qualquer maneira, não se pode subestimar o poder da OPEP.
O que acho muito curioso é que sobram teorias conspiratórias sobre grupos secretos que manipulariam a mídia e as finanças (deixo claro que considero todas essas ideias simplistas demais e, geralmente, alardeadas por pessoas que exercitam muito pouco qualquer capacidade analítica). No entanto, nunca ouvi oposições à organização que declaradamente foi criada para controlar o petróleo. Acredito que, por defender abertamente tal intenção, a OPEP simplesmente não é fascinante o bastante para quem adora enxergar planos secretos em toda a parte.
T. Boone Pickens, fundador e presidente do fundo de investimento do capital da BP – para não deixar dúvidas, BP se refere a Boone Pickens, não British Petroleum – é um entusiasta da introdução da energia limpa nos Estados Unidos. É dele um artigo interessante que revela dados perturbadores: em 1957, três anos antes da fundação da OPEP, o preço do barril era de 3 dólares. Seguindo a proporção da inflação nos EUA, o valor hoje deveria ser de 23 dólares. No entanto, o cartel aniversariante estabeleceu a média de 80 dólares por barril.
Em artigo publicado no Wall Street Journal, James Woosley, ex-diretor da CIA, faz um cálculo ainda mais alarmante para mostrar como os 12 países do grupo são beneficiados pela especulação petrolífera que eles mesmos coordenam:
"Se o preço do barril de petróleo atingir novamente o valor de 125 dólares – como já aconteceu em 2008 –, então cerca de metade da riqueza do planeta seria controlada pelos membros da OPEP", diz.
Por conta de tudo isso e também das preocupações ambientais, a tendência é buscar novas fontes de energia. A opção preferida pelos EUA – o maior mercado do mundo – é o etanol. E adivinhem só quem é o maior produtor mundial? Se pensou Brasil, acertou.
Quando os americanos passarem a adaptar seus veículos para que eles se tornem flex – e o custo de tal operação é de apenas 70 dólares –, o Brasil terá de estar preparado para aproveitar esta enorme oportunidade. Tal evento promete bombear ainda mais polêmica às atuais disputas entre brasileiros e americanos na Organização Mundial de Comércio (OMC), mas também obrigará o futuro ocupante do Palácio do Planalto a rever suas opções de alianças internacionais. Afinal de contas, uma chance como esta pode mudar também o futuro do Brasil e não deve ser desperdiçada.
Um comentário:
Na verdade a OPEP nunca funcionou como deveria pela falta de mecanismos para combater a produção acima da cota por parte dos integrantes do cartel. Em todo cartel existe um incentivo a quebrar as regras e faturar ao máximo enquanto os demais integrantes se preocupam em segurar o preço. Na OPEP enquanto todos os países desrespeitavam suas cotas, ficava a cargo da Arábia Saudita (maior produtor) segurar a sua produção e o preço. Até meados da década de 80, quando os sauditas se cansaram da brincadeira e ajudaram a jogar o preço da commodity no chão. Hoje a OPEP trabalha com bandas de preços máximos e mínimos, evitando também um petróleo a preços abusivos que tornaria viável economicamente outros combustíveis alternativos e outras fronteiras produtivas.
Postar um comentário