Não deu para o presidente, ex-primeiro ministro e político mais poderoso da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. O líder turco foi derrotado em seu teste mais ousado. A ambição que incluía a mudança do sistema de governo para o presidencialismo acabou adiada em função dos resultados eleitorais. Seu partido, o AKP, não obteve os 330 assentos no parlamento – número necessário para promover referendo nacional e alterar a constituição do país.
Esta é uma derrota numérica, mas não o fim de Erdogan, é bom deixar claro. O AKP ainda se mantém como a principal força nacional e sai das eleições com 258 cadeiras (atualmente, tem 327). Este é um recado da população e pode ser entendido como um freio em suas posições cada vez mais extremadas.
Os resultados eleitorais também mostram um país preocupado com a política econômica. A partir de 2001, o governo turco realizou reformas que renderam ao país números consideráveis, principalmente quando comparados aos vizinhos europeus: média de crescimento de 6% até 2008, alcançando 9% em 2010 e 2011. Nos últimos dois anos, no entanto, o PIB caiu para 2%. Mesmo continuando a crescer, houve redução, o que naturalmente causa impacto nos cidadãos comuns e na percepção sobre o desempenho do governo – ainda mais de um governo personalizado num líder. Erdogan não pode mais ostentar o poderio econômico dos últimos 12 anos.
Por tudo isso, depois de sucessivas de vitórias nas urnas, o AKP vai precisar exercitar a capacidade política de formar uma coalizão. O dado histórico é a conquista dos curdos; unidos sob a legenda HDP, conseguiram obter 13% do total de votos e estarão representados no parlamento. Os próximos dias serão de negociações intensas para a formação do novo governo. Para entender o cenário dessas eleições, clique aqui.
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