O impasse na Grécia chegará ao fim no próximo dia 30. De alguma maneira, a situação estará resolvida – o que não significa dizer que estará solucionada positivamente a ambas as partes, a própria Grécia e a União Europeia. Este é o prazo final estabelecido para que o governo grego pague ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a “parceiros” da UE pouco mais de 1,5 bilhão de euros em dívidas. As rotas de colisão estão chegando a seus limites máximos, na medida em que há, como em qualquer disputa financeira, há pontos de vista contraditórios em jogo.
A Alemanha é a principal interessada na permanência grega, mas também a mais firme credora das dívidas do país mediterrâneo. Com economia altamente complexa e tendo como fundamento a exportação, o país precisa da União Europeia. É uma mão que afaga mas que também cobra. A saída da Grécia deixa os alemães vulneráveis. O bloco é uma espécie de âncora a suas exportações. Se os devedores abandonarem o barco e a UE se dissolver (mesmo num longo prazo), a Alemanha precisará buscar alternativas para vender seus produtos. A primeira-ministra Angela Merkel está à frente das negociações com os gregos em função disso tudo.
A Grécia chegou ao limite. Os cidadãos não está pagando a dívida do país apenas com impostos mais altos, mas também com redução de emprego e até comendo menos. Não por acaso a esquerda venceu as últimas eleições. Os gregos optaram pelo discurso de Alexis Tsipras que prometeu acabar com a austeridade. Este é mais um elemento nas negociações; Tsipras não pode voltar a Atenas com notícias ruins – no que diz respeito ao aumento de impostos, para ser bastante claro. Tsipras não pode trair os votos que recebeu. É possível dizer que a Grécia não aceitará propostas que incluam medidas que pressionem ainda mais os cidadãos do país.
Se a situação é delicada, é importante também lembrar que a ameaça de calote é um aspecto importante do poder de negociação de Atenas. A dívida hoje já tem peso insuportável à economia grega. Caso o país não receba ainda mais empréstimo internacional, simplesmente não terá condições de pagar. Para ser bastante claro, a única solução razoável do ponto de vista grego é a que envolve o perdão total ou parcial de seu montante de dívida. Caso isso não aconteça, a Grécia anunciará calote e entregará o problema no colo de seus credores. Mesmo que isso signifique deixar a zona do euro e buscar novos parceiros internacionais. E, para azar da UE, a alternativa de parceria aos gregos é a Rússia de Vladimir Putin.
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