O ataque desta segunda-feira no Paquistão já tem autor e motivos claros. Pronto. Finalmente, os terroristas já podem se explicar para o ocidente. Na verdade, nem precisa. Como a especulação é sempre criativa após as ações de grupos extremistas, na maior parte das vezes basta que os líderes dessas organizações escolham nos jornais europeus e americanos a explicação que melhor convir.
Segundo o Asia Times, fontes internas da filial paquistanesa do Talibã confirmaram a autoria da invasão à academia policial próxima a Lahore. Ainda segundo o jornal de Hong Kong – um dos principais do sudeste asiático – a operação foi coordenada pela al-Qaeda, o líder do talibã paquistanês, Baitullah Mehsud, e extremistas do Punjab.
O motivo teria sido a nova estratégia anunciada por Obama na semana passada de aumentar a busca por alvos terroristas no Paquistão. Aliás, mesmo em um delicadíssimo momento econômico, o governo de Islamabad vai ter o triplo de ajuda financeira americana, passando a receber 1,5 bilhão de dólares por ano.
Mas, como gostam de dizer nos EUA, “there’s no free lunch”. Ou seja, é bom que o Paquistão comece a colaborar e use esta quantia significativa para manter o controle de todo o território. Entretanto, segundo fontes da inteligência americana ouvidas pelo Washington Post, é possível que membros dos serviços de inteligência paquistanês ainda mantenham estreita colaboração com o Talibã.
E por falar em dólares, com a nova estratégia anunciada por Obama para conter a expansão principalmente dos talibãs, as despesas vão aumentar também no Afeganistão. Se até hoje a guerra contra o terror no país custava aos cofres norte-americanos cerca de 2 bilhões de dólares por mês, a partir de agora este montante deve aumentar quase 60% neste ano.
Se serve de consolo aos contribuintes dos EUA, o esforço para estancar as atividades terroristas no Paquistão pode fazer sentido, como explicam
“A prioridade é impedir que o arsenal nuclear do país caia nas mãos de terroristas como Osama Bin Laden. E esta não é apenas uma situação hipotética. O ‘pai’ da bomba nuclear paquistanesa, A.Q. Khan, é hoje conhecido como o primeiro comerciante atômico do mercado negro, tendo fornecido tecnologia nuclear para a Líbia, Coreia do Norte e Irã”.