A Turquia voltou às manchetes da imprensa internacional hoje por conta dos resultados das eleições municipais realizadas no país. O Partido Justiça e Desenvolvimento, do primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan, venceu por uma pequena vantagem na maior parte das 81 cidades turcas.
Lá como cá – só que lá mais descaradamente. Aqui o pessoal já está mais profissionalizado – a oposição acusou a legenda do atual premier de corrupção. De fato, o escritório central de Erdogan distribuiu aos eleitores máquinas de lavar e outros eletrodomésticos. Bem melhor do que dentadura.
Mas já no começo de abril Ancara vai receber Obama, evento que demonstra a importância da Turquia na geopolítica atual. Antes temido por sua enorme população – hoje na casa dos 70 milhões, uma enormidade para os padrões europeus -, o país foi beneficiado por algumas mudanças nos parâmetros internacionais.
Além da esperada, discutida e polemizada adesão à União Europeia – que deve acontecer até 2013 –, com o terrorismo fundamentalista islâmico no topo da agenda mundial, a Turquia se tornou o principal aliado muçulmano e democrático dos Estados Unidos.
Com a mudança do foco para o Oriente Médio e o Sudeste Asiático, os turcos entraram de vez na lista de visitas obrigatórias da diplomacia americana.
Jim Arkedis, diretor do Projeto de Segurança Nacional do Instituto de Política Progressista de Washington, cita os objetivos em que a equipe de Obama irá necessitar de aproximação e efetiva influência turca.
“fornecimento de soldados para o combate no Afeganistão; negociações com o Irã; mediação de diálogos entre Israel e países árabes; exportação de petróleo da região do Cáspio; e prover uma rota de fuga militar do Iraque”, diz.
Mas para ter sucesso nessas demandas, Obama vai ter que se virar para manter um compromisso de campanha. O presidente americano disse que não abriria mão de chamar de genocídio a morte de 1,5 milhão de armênios pelos turcos em 1915. De fato, foi um genocídio mesmo, sem dúvida.
O problema é que este assunto é um tabu na Turquia até hoje, já que o governo de Ancara se recusa a usar o termo “genocídio” porque coloca o massacre de armênios na conta da confusão causada pelo fim do império otomano.
Mais um problema para Obama resolver.
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