sexta-feira, 13 de março de 2009

Novas diretrizes em tempos de mudança

Notícia publicada no The Wall Street Journal informa que os primeiros contatos diretos entre oficiais americanos e iranianos deverão acontecer no final deste mês, na Holanda, durante uma conferência sobre o Afeganistão. O Irã tem todo o interesse de tomar parte da discussão, já que quer participar da busca por uma solução para o tráfico de ópio e heroina do país vizinho. Aos poucos, os EUA mostram uma nova e surpreendente política de inclusão dos regimes inimigos como forma de diplomaticamente convencê-los a se alinhar aos interesses ocidentais. Não deixa de ser inteligente.

Ainda segundo o jornal, existe o consenso de que os EUA devem buscar o diálogo com o Irã antes mesmo das eleições de junho na república islâmica, mesmo que esta posição reforce o presidente Mahmoud Ahmadinejad.

Mais ainda, há por parte do governo Obama a intenção de abrir um caminho de diálogo diretamente com o líder supremo da revolução iraniana, o aiatolá Ali Khamenei.

O colunista do Forward Jewish Daily, J.J. Goldberg faz uma compilação interessante do que chama de “revolução” na política externa promovida por Washington somente entre os dias 2 e 7 de março:

O envio de dois funcionários de alto escalão para Damasco com o objetivo de discutir as relações com a Síria; o anúncio da intenção de convidar o Irã para diálogos multilaterais sobre o Afeganistão; a resposta favorável à oferta turca de mediar contatos com Teerã; o apoio à decisão britânica de dialogar com o braço político do Hezbolah; a prontidão para negociar com membros do talibã; e a disponibilidade de voltar atrás no projeto de instalação do escudo antimísseis na Europa oriental.

Ufa! Realmente é muito trabalho para um espaço de apenas cinco dias. O conceito de mudança proposta durante toda a campanha começa a tomar forma. E promete ir além.

“É parte de uma tendência natural entre os democratas de buscar uma política global capaz de promover compromissos com os inimigos. Não será surpresa se de repente houver o diálogo com o Hamas. Os americanos vão negar, mas, quanto a isso, vamos assistir a mudanças graduais”, diz Steven Spiegel, especialista em Oriente Médio da Universidade da Califórnia.

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